“WESELE” - Casamentos poloneses

Luciana Terezinha Novinski
Queridos leitores, antes de falarmos de nossas personalidades, vamos falar mais um pouco sobre a vida em nossa Colônia e como tudo era diferente e mais difícil naquela época. Vamos falar dos tradicionais casamentos poloneses, em polonês “WESELE”, que eram festejados nos sábados e no domingo como sempre sobravam comidas os vizinhos vinham novamente. Como tinham vários preparativos teremos que escrever em 2 partes, uma até o Almoço e depois a sequencia da festa. A primeira providência como ainda é hoje, era marcar a data do casamento com o Padre, que geralmente era com 1 ano de antecedência, depois contratavam a cozinheira (kucharka) que as vezes trazia seus tachos e talheres, esta desde a segunda anterior ao casamento se hospedava na casa da noiva e previa a quantidade de comida conforme o número de convidados, os músicos da festa (Muzycanci) para animar o casamento. E a festa era sempre na casa dos pais da noiva, aí depois desses acertos, começavam a se convidar os padrinhos do casamento, familiares, amigos e vizinhos, toda vizinhança era convidada. Os mais próximos na segunda-feira que antecedia o casamento já vinham para começar a ajudar nos preparativos, se montava uma barraca grande que abrigaria a mesa, para se chover não impedir a festa, a cozinheira já na segunda coordenava os trabalhos que seriam muitos, primeiro começavam a assar as bolachas e as cucas para o café, as massas para o bolo também eram feitas na semana, cozinhava a cerveja caseira (piwo) e também em algumas festas tinha vinho e cachaça que vinham em barris, porcos e um boi que engordaram para ocasião eram abatidos, a carne de porco e os bolinhos de carne eram assados no forno, do frango se fazia sopa (Hrosul), e a carne de gado eram feitos os chamados “tatus” pedaços de carne recheados com toicinho de porco e feitos na panela, a maionese de batatas com ovo, arroz e saladas diversas eram feitas por vizinhas que também ajudavam a cozinheira no sábado mesmo. A refeição era tarde pelas 14 horas porque geralmente era longe da igreja então até os noivos chegarem demorava, se sabia que estavam perto porque soltavam foguetes em partes do trajeto. Os pais dos noivos não participam da cerimonia religiosa, pois estavam ocupados com a festa, os padrinhos é que os acompanham, mas antes de saírem de casa os noivos se despedem dos seus pais, esse ritual inclui orações e cânticos religiosos, e de joelhos eles pedem a benção aos pais, os quais lhe impunham as mãos sobre a cabeça, aspergem com água benta em ramos verdes e faziam o sinal da cruz. Tanto a noiva como o noivo se vestiam em casa, quem tinha algum amigo fotógrafo no casamento registrava a Cerimônia, mas a maioria para o retrato do casamento outro dia voltavam a cidade vestidos para mesma, pois não existiam fotógrafos nas festas. Geralmente os noivos iam para o casamento a cavalo, só aqueles com melhores condições usavam carroças, e o Casamento no Civil era sempre na sexta-feira com duas testemunhas. E quando os noivos chegavam em casa eram recebidos com música polonesa de violinos, gaita e violão ao vivo e os pais os ofereciam pão, vinho e sal para que a vida seja farta e a união se conserve, essa tradição ainda permanece em alguns casamentos poloneses. O almoço se iniciava com os noivos, seus pais, avós, padrinhos e familiares mais chegados na primeira servida, sendo que eles permaneciam na mesa até os últimos convidados se servirem, pois como eram poucos pratos e talheres eram feitas três a quatro rodadas de comida, para se lavar a louça e utilizarem novamente, os almoços eram fartos e saborosos, e após o mesmo a parte da tarde e noite do casamento contarei na próxima coluna, pois já está extensa, até lá.
CASAMENTO DE INÁCIO USZACKI E ESTANISLAVA DZIELINSKI – 1911 – COM CONVIDADOS
CASAMENTO IRENE USZACKI E ZENO TWORKOWSKI – 1956 – RECEBENDO PÃO, VINHO E SAL.
CASAMENTO RAIMUNDO GRYCHEWSKI E TERESA NOVINSKI
CASAMENTO DEOCLIDES PEREIRA E ESPOSA
