O número de pessoas, que contraíram o coronavírus e se recuperaram da doença, passou de 100 mil no Rio Grande do Sul. O último levantamento divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde, na segunda-feira (24), mostra que o estado tem quase 110 mil casos confirmados, sendo que 101.677 pacientes estão recuperados (92%). Já o total de mortes chegou a 3.102.

Um dos pacientes que conseguiu vencer a doença é o motorista de aplicativo Régis Luciano Muniz. Ele ficou oito dias internado na UTI por causa do vírus.

"Foi um pouco difícil, porque, na verdade, tu te despede da tua família e entra para dentro e tu fica isolado. Fica só vendo as enfermeiras, os técnicos, os médicos, que, na verdade, nem chamo de médicos, enfermeiro, eu chamo de anjos da vida, porque o que aquelas pessoas fazem é incrível", afirma.

A esposa e o filho de Régis também testaram positivo para a Covid-19. Eles apresentaram sintomas leves e não precisaram de internação.

"Muita gente acha que 'bah, tu saiu do hospital, tu te livrou do vírus e tá tudo bem'. Não, cara, isso é de pessoa para pessoa, sabe. A recuperação é um pouquinho complicada também. Tu tá livre do vírus, mas até tu conseguir te recuperar e voltar tua vida normal, demora um pouquinho", relata.

"Eu, por exemplo, ainda sinto um pouco de falta de ar, ainda não consigo fazer quase nada. Já consigo, assim, dentro da minha casa fazer as coisas, caminhar dentro do meu pátio, mas, por exemplo, não consigo ainda sair e dar uma caminhada maior".

A técnica em enfermagem Sandra Lopes Medeiros também passou dias internada por causa da doença. Ela só lembra que começou a sentir falta de ar. Quando acordou, estava em uma cama de hospital. Cinco dias já tinham se passado. Foi o tempo que ela ficou entubada e inconsciente em uma UTI.

"Quando eu acordei, eu levei um susto assim. Mas tava feliz porque tinha tido mais uma chance de tá viva. Deus ter feito um milagre na minha vida de poder voltar pra minha família, voltar minha vida, fazer o que mais amo: cuidar de vidas. E daí eu me vi do outro lado. Nossa, foi muito estranho", conta.

Coronavírus e imunidade

Cientistas ainda não sabem se quem teve a Covid-19 pode pegar de novo a doença. Essa semana, pesquisadores chineses relataram o caso de um paciente de Hong Kong que foi infectado de novo pelo coronavírus, quatro meses e meio depois da primeira infecção.

Mas a Organização Mundial da Saúde alerta que é importante não tirar conclusões precipitadas e que os casos de reinfecção não parecem ser algo comum.

"A gente não tem essa ideia, ainda desconhece ao certo quanto, qual é o tamanho das defesas que nós vamos montar quando a gente for contaminado. E quanto tempo essas defesas, se a gente conseguir montar, quanto tempo elas vão durar para nossa proteção", afirma o chefe do serviço de infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Eduardo Sprinz.

Por enquanto, o caminho é investir na prevenção: manter distância física de outras pessoas, sair de casa sempre com máscara, e lavar as mãos ou usar álcool gel frequentemente.

"Quarto mandamento: preferir sempre que possível o ar ambiente do que ambientes internos fechados, e o quinto mandamento: evitar aglomerações", acrescenta Sprinz.