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Rosto de homem que viveu há 6 mil anos no Litoral Norte é recriado por computação gráfica

Chamado de Zé pelos pesquisadores, ele tinha entre 40 e 50 anos e seus ossos foram encontrados em Maquiné. Esqueleto está preservado no Museu Arqueológico, em Taquara.
19/09/2020 G1

Um grupo de pesquisadores conseguiu resgatar o esqueleto de um ancestral dos gaúchos que viveu há cerca de 6 mil anos no Litoral Norte. Ele está preservado no Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul, em Taquara, e graças a um projeto de computação gráfica ganhou um rosto.

O dono desses ossos, denominado Zé pelos pesquisadores, tinha entre 40 e 50 anos e foi descoberto na década de 1960 no interior de Maquiné.

“Ele foi descoberto em um sepultamento entre lajes e teve datação pelo Smithsonian [Institution], em Washington, entre 4 mil e 6 mil anos antes do presente”, diz Antonônio Soares, diretor do museu.

Um trabalho minucioso, realizado no computador, deu cara ao esqueleto humano mais antigo já descoberto no estado. Com recursos de computação gráfica, o designer Cícero Moraes recriou a imagem.

"O processo de reconstrução facial inicia a partir do momento em que as fotos do crânio são enviadas a um algoritmo computacional, que faz a digitalização 3D, ou seja, converte essa sequência de fotos em um elemento, em um objeto 3D compatível com o crânio original”, explica.

Para dar cara ao Zé, o designer utilizou a técnica da fotogrametria, pela qual dezenas de fotografias geraram uma imagem tridimensional do crânio. Em seguida, os pinos ajudaram a reconstituir a pele.

A massa virtual é para moldar os músculos. E, por fim, a pigmentação e os cabelos dão o toque final.

"O que a gente faz é uma espécie de engenharia reversa. A gente pega um estudo feito em pessoas vivas e projeta isso em um crânio", comenta Cícero.

Sinais encontrados no esqueleto sugerem que o dono do rosto sofreu fraturas na coluna e na clavícula, o que indica que vivia em grupo, porque não teria sobrevivido sozinho.

Os pesquisadores dizem que ele era indígena, mescla de asiático com africano.

"Esse indivíduo era um caçador, coletor. Fabricava seus artefatos com base nas pedras, nos lascamentos. Se encontrou muitas pontas de flechas, o que faz com que se perceba que era um indivíduo que buscava a caça", conta a historiadora Carla Renata Gomes.

Em plena Semana Farroupilha, conhecer a história deste "gaúcho" ancestral, para o coordenador do curso de arqueologia da Universidade Federal de Pelotas, Gustavo Wagner, ajuda a entender como foi moldada a identidade regional do estado.

“O movimento tradicionalista gaúcho nunca negou sua herança indígena, a sua ancestralidade indígena no modo de ser, nos hábitos, na alimentação, no uso do chimarrão, inclusive na cultura material dos objetos: o uso da cuia, o uso da erva mate, a carne assada, a bola de boleadeira. Essa relação da cultura material existe. Reconhecer o rosto agora, um rosto de 6 mil anos, faz referência a essa ancestralidade do Rio Grande do Sul", comenta.


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