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Vermífugo reduz carga viral, mas não diminui mortes nem sintomas graves do coronavírus, dizem especialistas

Ele demonstrou benefício, no entanto, na resolução dos sintomas após sete dias de seguimento.
23/10/2020 O Sul

O vermífugo nitazoxanida, defendido pelo governo federal, apesar de reduzir a carga viral em pacientes com Covid-19, não tem eficácia na resolução dos sintomas da doença ao final dos cinco dias de tratamento e tampouco é capaz de evitar hospitalizações de doentes com coronavírus. Ele demonstrou benefício, no entanto, na resolução dos sintomas após sete dias de seguimento.

Estas e outras conclusões fazem parte de um artigo que traz os dados completos do estudo financiado pelo MCTI (Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovações), que teve parte dos resultados anunciados em cerimônia no Palácio do Planalto na segunda-feira (19).

Os dados completos do estudo foram publicados nesta sexta-feira (23), na plataforma medRxiv, que reúne artigos ainda não publicados em revistas científicas e ainda sem a revisão de outros pesquisadores.

“Nitazoxanida se mostrou segura, reduziu significativamente a carga viral e aumentou a proporção de pacientes com teste negativo para SARS-CoV-2 após cinco dias de terapia em comparação com placebo. Nitazoxanida não preveniu a hospitalização”, afirmam os autores em uma das conclusões do estudo.

O governo havia informado que os testes clínicos com voluntários mostraram que o medicamento havia reduzido a carga viral quando tomado em até 3 dias depois do início dos sintomas.

Conforme o governo, o trabalho havia sido submetido para a análise de uma revista científica e, por isso, o ministério não poderia ainda dar detalhes dos resultados.

A nitazoxanida é utilizado no País com nomes comerciais Azox e Annita e integre o grupo dos antiparasitários e vermífugos. Ele tem ainda ação antiviral e é receitado em casos de rotavírus.

Em abril deste ano a droga passou a ser vendida apenas com prescrição médica, para evitar automedicação. Em 1º de setembro, no entanto, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) retirou a exigência de retenção da receita.

“O que eu posso dizer é que nós temos agora um medicamento comprovado cientificamente que é capaz de reduzir a carga viral. Com essa redução da carga viral, significa que reduz o contágio nas pessoas que tomam o medicamento nos primeiros dias, reduz a capacidade de contágio e diminui a probabilidade dessa pessoa aumentarem os sintomas, ir para o hospital e falecer”, disse o ministro Marcos Pontes, da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Segundo o ministério, o pontapé da pesquisa foi dado com a análise de 2 mil drogas, testadas com inteligência artificial, para verificar se poderiam inibir os efeitos do vírus Sars-Cov-2, causador da Covid-19 no organismo humano. Os estudos no Laboratório Nacional de Biociências chegaram a cinco drogas, que foram para uma segunda fase, que era o teste in vitro feito com células humanas infectadas. Neste teste, o fármaco nitazoxanida, que é um vermífugo muito conhecido no País, apresentou 94% de capacidade de inibir o coronavírus.

Ainda conforme a pasta relatou, foi só após estas etapas que os testes em humanos foram iniciados, com mais de 1,5 mil pacientes voluntários, que tinham até três dias de sintomas e foram acompanhados em sete diferentes unidades hospitalares do País.

Nesta fase, de acordo com a coordenadora do estudo clínico, Patrícia Rocco, foram feitos testes duplo cego, quando nem o paciente e nem o médico sabem qual a medicação está sendo tomada, e randomizados, quando os pacientes são distribuídos aleatoriamente em dois grupos, um que recebe o medicamento e outro que recebe um placebo. A dose oferecida era de 500 miligramas da nitazoxanida, três vezes ao dia, ou o placebo durante cinco dias.

“Esses pacientes eram acompanhados de forma remota até sete dias após a terapia. Constatamos que a nitazoxanida, em comparação com o placebo, acarretou, ao final da terapia, redução significativa da carga viral e um maior número de pacientes com resultado negativo para o Sars-Cov-2″, disse a médica durante o anúncio da segunda-feira. Ela é professora titular e chefe do Laboratório de Investigação Pulmonar do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

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