Agricultura


Estiagem atingiu lavouras de milho e deve acarretar perdas na produção do Rio Grande do Sul

As lavouras da safra 2020/2021 implantadas no início da janela de semeadura, em agosto, são as mais atingidas e há registros de locais onde sequer vai ser necessário passar a colheitadeira, pois não haverá produtividade
12/12/2020 Correio do Povo

Pelo segundo ano consecutivo, os produtores gaúchos que investiram no plantio do milho irão contabilizar prejuízos. As lavouras da safra 2020/2021 implantadas no início da janela de semeadura, em agosto, são as mais atingidas e há registros de locais onde sequer vai ser necessário passar a colheitadeira, pois não haverá produtividade. Levantamento recente feito pela Rede Técnica Cooperativa (RTC), considerando 16 cooperativas e uma área plantada entre 260 mil e 300 mil hectares, apontou na segunda quinzena de novembro (última estimativa até o momento) que nas plantações de sequeiro a perda de produtividade pode chegar a até 60%.

O coordenador da RTC, Geomar Corassa, indica que a quebra é quase o dobro da registrada na última safra, segundo ele, porque as condições de estiagem se estabeleceram antes e atingiram o milho em suas fases iniciais. “Em boa parte das lavouras o milho sequer emergiu e, se emergiu, não, chegou a atingir seu estágio reprodutivo”, aponta o agrônomo. Corassa ressalta que o foco do levantamento feito pela RTC foram as plantações de sequeiro, mas diz que não se descarta algum nível de prejuízo nas lavouras irrigadas, em razão dos baixos níveis das reservas hídricas. “Soubemos de locais onde, mesmo com pivô, não foi possível irrigar a pleno pela falta d'água, mas estas eventuais perdas são difíceis de mensurar”, pontua.

A Emater/RS, a Associação dos Produtores de Milho do Rio Grande do Sul (Apromilho) e a Câmara Setorial do Milho da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) corroboram esta projeção e suas consequências nas cadeias produtivas de proteína animal, como as de suínos e aves. Mesmo com o grão cotado em patamares altos - a saca de 60 quilos termina 2020 com preços acima de R$ 70,00, cerca de 50% a mais que no mesmo período do ano passado, segundo acompanhamento do Cepea/Esalq -, o crescimento estimado pela Emater para a área plantada no Estado, de 4,7%, chegando a 786,9 mil hectares, não se confirmou. Dos 5,9 milhões de toneladas de produção projetados pela Emater em outubro para a safra 2021, o Estado deverá colher entre 2,5 milhões e 3 milhões de toneladas, aumentando o déficit de oferta interna, historicamente de 1,5 milhão de toneladas, para quase o dobro.

O diretor técnico da Emater, Alencar Rugeri, reconhece que há regiões do Estado onde o prejuízo do produtor será de 100%, mas identifica que parte destes agricultores já está buscando refinanciamento da lavoura para fazer outro plantio, que pode ser milho ou soja (no caso de não terem usado herbicidas que necessitam de carência na semeadura inicial), de forma ainda a aproveitar o zoneamento agroclimático e conseguir colher alguma coisa em grãos de verão. “A eliminação das lavouras com perdas e o replantio podem alterar a área final destinada ao milho, dependendo da atitude que o produto tomar”, acredita Rugeri.

Ricardo Meneghetti, presidente da Associação de Produtores de Milho (Apromilho/RS) e da Câmara Setorial do Milho da Seapdr, afirma que deve ser mantida a mesma área plantada com o grão no Estado na safra passada, principalmente porque o milho exerce um papel fundamental na rotação de culturas e na produtividade da soja. “Infelizmente o produtor, de novo não vai poder aproveitar os bons preços, mesmo aquele que travou preços e fará uma colheita razoável, fez contratos por preços menores que os que estão sendo praticados agora”, comenta. Meneghetti destaca que os dois anos consecutivos de estiagem e a pandemia atrasaram o andamento do Pró-Milho RS, programa concebido pelo governo estadual em conjunto com o setor para levar o Rio Grande do Sul à melhora na produção. Ele ressalta, porém, que as medidas de socorro que estão sendo exigidas pela cadeia produtiva do milho para evitar o colapso das agroindústrias no ano que vem precisam ser atendidas pelos governos o mais rápido possível. “É preciso ampliar com urgência nossos recursos de irrigação, não só com investimentos mas também com a revisão dos licenciamentos para uso da água”, acrescenta o dirigente.

Análise do Cepea/Esalq dá conta que, entre 30 de outubro e 30 de novembro, as vendas locais de milho na região Sul diminuíram e o grão disponível superou a média de preço registrada no restante do país, acima dos R$ 70,00. De acordo com o Cepea, a maior parte do milho que ingressou na região no período veio do Mato Grosso do Sul, com preços em torno dos R$ 78,00 a saca de 60 quilos.

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