Economia


Economistas dizem que Brasil não está quebrado

Economistas temem que afirmações minem a confiança de investidores.
06/01/2021 O Sul

Economistas discordam do presidente Jair Bolsonaro sobre a afirmação de que o Brasil está quebrado. De acordo com profissionais ouvidos por diferentes órgãos de imprensa, é preciso fazer escolhas e avançar na aprovação de medidas essenciais para a sustentabilidade das contas públicas.

Para economistas ouvidos pelo jornal Estado de S. Paulo, o presidente pode, sim, se empenhar para a aprovação da reforma administrativa, com mudanças na forma como os servidores são contratados, promovidos e demitidos. Ou cortar os chamados benefícios tributários, quando a União abre mão da arrecadação em favor de grupos específicos. A avaliação é de que a postura do presidente apenas posterga e acumula os problemas. Também lembram que o atraso na vacinação custa bastante, em termos financeiros.

Ao G1, o ex-ministro da Fazenda do governo José Sarney, Maílson da Nóbrega, lembrou que o País quebrou duas vezes no passado: em 1930, durante a Grande Depressão, e nos anos 1980, na crise da dívida externa. Hoje, afirma que o Brasil está “confortável” na questão internacional, mas declarações impulsivas do presidente podem minar a confiança do investidor na economia e emperrar a recuperação.

“Não é papel do presidente fazer uma declaração equivocada e por impulso de que o país está quebrado. O que vai pensar um investidor? O papel do presidente é liderar um conjunto de reformas em articulação com o Congresso para livrar o País desse destino de insolvência interna. E isso requer liderança”, disse ao portal.

Também ex-ministro da Fazenda, porém no governo Itamar Franco, Ciro Gomes, que concorreu nas últimas eleições presidenciais, fez uma série de críticas às afirmações de Bolsonaro. Ao comentar a declaração, escreveu: “Quando um despreparado, corrupto e irresponsável assume a presidência”.

Segundo ele, para recuperar a economia, Bolsonaro poderia autorizar o Banco Central a comprar títulos do Tesouro Nacional e criar um fundo de investimento em infraestrutura, e passar o pente fino em R$ 300 bilhões de renúncias fiscais.

“Taxar lucros e dividendos empresariais. Só o Brasil e a Estônia não cobram no mundo todo. Se cobrarmos o que eu já cobrei, o Brasil arrecada R$70 a 80 bilhões por ano, sem nenhuma distorção locacional porque é só o lucro e dividendo que sai da empresa, não o que é reinvestido”, continuou.

Ciro Gomes ainda listou outras “sugestões”, que vão desde taxar lucros e dividendos e mudança no imposto de heranças até a renúncia de Bolsonaro.

“Taxar lucros e dividendos empresariais. Só o Brasil e a Estônia não cobram no mundo todo. Se cobrarmos o que eu já cobrei, o Brasil arrecada R$70 a 80 bilhões por ano, sem nenhuma distorção locacional porque é só o lucro e dividendo que sai da empresa, não o que é reinvestido”, afirmou. “Imposto sobre heranças. EUA cobram 40%, o Brasil cobra 4%.”, seguiu. “Se cobrarmos 0,5% a 1% sobre grandes patrimônios, acima de R$20 milhões, arrecadaríamos mais de R$80 milhões.”

“Imposto de renda progressivo, que diminui do povo pobre e da classe média e aumenta para quem ganha acima de R$ 500 mil. Eu já cobrei quando fui ministro da Fazenda”, disse em seguida. “Revogar o teto de gastos. Ter um plano efetivo de vacinação. A retomada da economia somente será possível quando a pandemia for controlada. Bolsonaro assumir sua total incompetência e renunciar”, sugeriu ainda.

Ministro da Economia defende 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em entrevista ao jornal O Globo que o presidente Jair Bolsonaro se referia ao setor público ao afirmar que o Brasil está “quebrado”. Guedes afirmou ainda que o presidente demonstrou, durante sua fala, a necessidade de respeito ao teto de gastos para controlar as despesas da União.

“Ele está se referindo evidentemente à situação do setor público, que está numa situação financeira difícil. Porque, depois dos excessos de gastos cometidos por governos anteriores, quando chegou o primeiro governo falando que vai cortar forte, foi fulminado pela pandemia. Nós estamos reconhecendo a dificuldade da situação, mas decidido a enfrentar. Nós vamos seguir com as reformas estruturais. Foi só isso”, afirmou o ministro, dizendo que compartilha do mesmo diagnóstico.

Guedes disse que o governo fez um forte sacrifício com corte de gastos no primeiro ano do governo, mas foi “fulminado” com a pandemia de Covid-19 e que as despesas vão levar o governo a registrar um rombo de quase R$ 900 bilhões em 2020.

Entenda o caso

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (5) a um grupo de apoiadores que “o Brasil está quebrado” e que, por isso, ele não consegue “fazer nada”. Ele deu a declaração durante uma conversa na saída do Palácio da Alvorada, ao ser abordado por um apoiador. Ao responder, também disse que o coronavírus foi “potencializado” pela mídia.

“Chefe, o Brasil está quebrado, chefe. Eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, teve esse vírus potencializado pela mídia que nós temos aí, essa mídia sem caráter”, disse Bolsonaro.

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