Pesquisadores de Oxford anunciam testes da vacina contra Covid-19 em crianças e adolescentes
A Universidade de Oxford anunciou neste sábado (13) o início dos testes de sua vacina contra a Covid-19 em crianças e adolescentes. A pesquisa do imunizante, produzido em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, servirá para determinar os efeitos da vacina em pessoas de 6 a 17 anos. Os testes anteriores foram realizados com participantes acima de 18 anos e, por isso, a vacina ainda não é aplicada em pessoas mais jovens, tanto no Brasil como em outros países.
O estudo será randomizado, com escolha aleatória, e é considerado de fase 2. Ele vai ter início ainda neste mês de fevereiro e vai envolver 300 voluntários. Do total, 240 irão receber a vacina e outros 60 um outro imunizante, usado contra a meningite, que já teria demonstrado ser seguro para uso em crianças e também produziria efeitos colaterais parecidos, como dor no local da aplicação. A seguir o estudo irá incluir um número maior de voluntários. A faixa etária ficou em segundo plano nos primeiros estudos devido a ter um risco menor de morte pela infecção.
O professor Andrew Pollard, pesquisador-chefe dos estudos da vacina de Oxford, afirmou que embora a maioria das crianças não seja relativamente afetada pelo coronavírus e seja improvável que adoeçam com a infecção, é importante estabelecer a segurança e a resposta imune para a vacina em crianças e jovens.
Eficácia
Os resultados de um estudo publicado no início deste mês na revista científica Lancet, especializada em assuntos da área de saúde, apontam que a vacina contra Covid-19 produzida em parceria pela Universidade de Oxford e a farmacêutica inglesa AstraZeneca tem 82,4% de eficácia geral com uma segunda dose aplicada após um intervalo de três meses. A pesquisa também revela que, com a primeira dose, já se alcança 76% de eficácia.
A vacina da Oxford/AstraZeneca está sendo usada no Brasil conforme as prioridades definidas pelo Ministério da Saúde. As primeiras doses do imunizante que estão sendo distribuídas no país foram importadas da Índia . É previsto que, nos próximos meses, a vacina comece a ser produzida pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). A instituição científica vinculada ao Ministério da Saúde firmou, em agosto do ano passado, um acordo com a Universidade de Oxford e com a AstraZeneca para transferência de tecnologia.
O estudo foi divulgado na revista como um artigo ainda em formato preprint, isto é, trata-se de uma pré-publicação que passará pelo crivo de outros pesquisadores antes da publicação definitiva. O trabalho é assinado por 76 integrantes do grupo que avalia a vacina, incluindo brasileiros, pois os testes clínicos também estão sendo conduzidos no Brasil. Participaram das análises 17.177 voluntários, sendo 8.948 no Reino Unido, 6.753 no Brasil e 1.476 na África do Sul. Parte deles recebeu a vacina e outra parte um placebo.
Em seu site, a Fiocruz divulgou o estudo e afirmou que os novos dados reforçam a necessidade de se manter o protocolo de duas doses. Também registrou que a eficácia geral de 76% com a primeira dose refere-se ao período que começa no 22º dia após a aplicação até o 90º, quando deve ser aplicada a segunda dose.
“É uma informação importante que pode subsidiar decisões dos planos de vacinação, já que o número de vacinas disponível ainda é escasso em todo o mundo”, indica a Fiocruz. A instituição acrescenta ainda que, para casos mais graves da doença, a eficácia foi de 100%. Após o 21º dia de imunização, tempo considerado necessário para que o organismo desenvolva os anticorpos, não houve nenhuma internação hospitalar no grupo vacinado e 15 entre os voluntários que receberam o placebo.
A vacina da Oxford/AstraZeneca foi aprovada para uso emergencial no Reino Unido e também em outros países europeus. Segundo a Fiocruz, os estudos clínicos continuam em andamento para que se possa compreender cada vez mais os efeitos do imunizante.