Durante bate-boca na CPI da Covid, senador Flávio Bolsonaro é chamado de “mimado” por Wilson Witzel
A CPI da Covid foi palco, nesta quarta-feira (16), de um bate-boca entre o ex-governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel e o senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ). Witzel chamou o filho do presidente Jair Bolsonaro de “mimado”.
Os dois eram aliados durante as eleições de 2018. Flávio participou da campanha do então candidato ao governo fluminense. Ao longo do mandato, no entanto, houve um rompimento entre os políticos.
Flávio não é membro da CPI, mas compareceu à sessão durante a oitiva de Witzel. Após uma discussão entre os dois, os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI, e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão, afirmaram que havia um “claro ato intimidatório” de Flávio contra o ex-governador.
No seu depoimento, Witzel, que sofreu um processo de impeachment após ser acusado de desvios na saúde durante a pandemia, acusou o governo federal e o Ministério Público de perseguirem governadores.
Após Witzel alegar a perseguição, Flávio interrompeu e disse que o suposto “conluio” denunciado pelo ex-governador era um fato “muito grave”. Na sequência, o advogado de Witzel solicitou que fossem retiradas da comissão as “pessoas que são proibidas”, especialmente deputados federais. “Tenha medo não, doutor. Não tenha medo, não”, ironizou Flávio.
Randolfe reforçou que a comissão poderia acontecer de maneira reservada, quando não há a presença de assessores nem transmissão ao público. Flávio novamente interveio: “Vamos dar transparência à CPI, senador. Tem que esconder nada de ninguém, não”.
“Se for reservado, vou estar presente também. Sou senador da República”, afirmou Flávio. Randolfe interrompeu: “Está tendo uma clara intimidação”. Witzel, então, relembrou a relação que mantinha com a família Bolsonaro.
“Eu quero só dizer que eu não tenho nenhum problema em estar na presença aqui do senador Flávio Bolsonaro, eu o conheço desde garoto. Um garoto que conheço, a sua família, a sua mãe, a Rogéria Bolsonaro, conheço sua família, conheço seu pai de longa data. A minha questão aqui não é pessoal, a minha questão é institucional, em defesa da democracia”, disse Witzel. Flávio ironizou: “Que lindo discurso”.
“Se o senhor fosse um pouquinho mais educado e menos mimado o senhor teria respeito para o que eu estou falando”, respondeu o ex-governador. “O senhor me respeite”, prosseguiu.
Em outro momento, Flávio ressaltou as denúncias de corrupção envolvendo Witzel. O senador disse que o ex-governador tem “a mão suja de sangue entre os quase 500 mil mortos” pelo coronavírus. A fala foi uma resposta à declaração de Witzel, que afirmou que o presidente da República “deixou os governadores à mercê da desgraça que viria”