Sobrevivente da tragédia na Boate Kiss diz que a ideia da casa era “quanto mais gente melhor” nas festas realizadas no local
Kátia Giane Pacheco Siqueira foi a primeira testemunha a ser ouvida, nesta quarta-feira (1º), no julgamento dos réus do incêndio na Boate Kiss, realizado em Porto Alegre. A mulher, que trabalhava na cozinha e no bar do estabelecimento, teve 40% do corpo queimado e ficou 21 dias desacordada.
Ela fez cinco cirurgias de enxerto de pele e sessões de fisioterapia. Durante o seu depoimento, Kátia confirmou que a boate estava lotada na noite da tragédia. A sobrevivente disse que a ideia da casa era “quanto mais gente melhor” nas festas que ocorriam no local.
Ela afirmou que a orientação da boate em todos os eventos era de que as pessoas só saíssem após o pagamento da comanda. A mulher disse que não lembra de ter ouvido alguém alertando sobre o fogo na noite da tragédia e confirmou que era difícil sair da boate.
“Era um labirinto. Eu mesma trabalhava lá e quase não consegui sair”, disse Kátia. Ela revelou que havia uma barra de contenção na boate, e as pessoas da frente eram esmagadas, empurradas pelas que vinham atrás. A ex-funcionária contou que viu pessoas indo em direção ao banheiro e tentou avisar que a saída era do outro lado.
Questionada pelo promotor de Justiça David Medina da Silva, a depoente disse não lembrar se havia extintores disponíveis na cozinha da Kiss.