'Já prepara o caixão': polícia divulga áudio enviado por suspeitos para mãe de adolescente morta em Restinga Sêca
Áudios divulgados nesta segunda-feira (13) pela Polícia Civil mostram uma pessoa mandando a mãe de Gabriela Ferreira Glasenapp, de 15 anos, morta a tiros em Restinga Sêca, na Região Central do estado, "comprar um caixão". A investigação revelou que Gabriela foi morta por uma dívida com o tráfico de drogas. (Ouça os áudios acima)
O corpo de Gabriela foi encontrado enterrado em um terreno, no último dia 2. Ela era procurada pela Polícia desde 14 de novembro.
No áudio, uma interlocutora, não identificada pela polícia, diz pra mãe da garota, Juvercina Ferreira Glasenapp, de 40 anos, que Gabriela devia R$ 450 para os traficantes, que precisariam ser pagos até o fim do dia. A pessoa pede que a mãe deposite o dinheiro, e faz ameaças.
"Prepara o caixão, uma mãe dessas, eu vou matar porque ela nem merece a mãe assim. Já prepara o caixão. Já vou avisar a avó dela", disse a pessoa.
Em outra mensagem de áudio, a pessoa diz que "tão com pena" de Gabriela.
Referindo-se a um grupo criminoso que atua na Região Metropolitana de Porto Alegre, a pessoa ainda manda uma terceira mensagem para a mãe com mais ameaças.
"Eu percebi que a senhora tem acesso a internet. O que eu vou te dizer? Dá uma pesquisada 'nos bala na cara', vê o que a gente faz com as pessoas, vê se é isso que a senhora quer pra sua filha. Isso se a senhora realmente é mãe, né, porque se diz de um filho meu que vai morrer por causa de 450, tu vai deixar? Que mãe que tu é? Por isso tua filha é uma pedreira, uma drogada e uma vagabunda, porque a educação vem de casa", afirma a pessoa.
Morte mesmo após pagamento
Segundo o delegado regional de Santa Maria, Sandro Meinerz, depois de receber as mensagens a mulher pagou o valor exigido pelos suspeitos, no dia 14 de novembro. Mesmo assim, Gabriela foi assassinada com dois tiros na cabeça.
"A mãe não tinha essa quantia, teve que fazer um esforço pra conseguir o dinheiro emprestado e, mesmo fazendo o depósito da quantia solicitada, a menina foi assassinada. Talvez os traficantes não perceberam a entrada do dinheiro naquele dia e imediatamente depois disso assassinaram a menina", explica o delegado.
Meinerz explica que Gabriela teria sido avisada pela mãe de que o dinheiro havia sido pago. Ela então foi até o ponto de drogas, onde havia deixado o celular, como garantia. Imagens divulgadas pela Polícia Civil mostram Gabriela caminhando junto dos dois suspeitos do crime, um homem e uma mulher de 23 anos.
"Como os traficantes não tiveram comprovação da entrada do dinheiro, mantiveram a menina no local e, após mandar vários áudios para a mãe, acabaram naquele mesmo dia assassinando [Gabriela]", diz o delegado.
A solução do crime foi considerada prioridade para a Polícia Civil, afirma o delegado. "Um assassinato covarde, cruel, tudo em decorrência de uma divida de drogas. Era exigido esse pagamento dessa dívida, sob pena da menina perder a vida dela", resume.
Três indiciados pela morte
O homem e a mulher que aparecem no vídeo estão entre os indiciados pela Polícia Civil. Além deles, uma terceira pessoa, que teria ajudado a enterrar o corpo de Gabriela, também está entre os indiciados. A polícia não tem informações sobre o paradeiro da mulher. As outras duas pessoas são consideradas foragidas.
A investigação levou à descoberta de um esquema de tráfico de drogas que atua na região, e que tem ligação com criminosos da Região Metropolitana de Porto Alegre. Quatro pessoas indiretamente ligadas ao crime foram presas por tráfico de drogas. No total, 11 pessoas foram indiciadas em dois inquéritos.