Chuvas amenizam a crise hídrica, mas setor elétrico ainda requer atenção, aponta governo
A melhora do nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas brasileiras nos últimos meses, com a volta das chuvas, não deve ser suficiente para garantir um 2022 livre de preocupações no setor elétrico.
Na avaliação do Ministério de Minas e Energia e do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), os próximos 12 meses continuarão demandando atenção e a manutenção de medidas excepcionais para garantir o fornecimento de energia.
“A despeito da melhoria das condições de atendimento eletroenergético, tanto para 2021 quanto as perspectivas para 2022, permanece a situação de atenção e o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico mantém o trabalho de acompanhamento permanente”, informou o ministério em nota.
“Todas as ações tomadas são respaldadas por estudos prospectivos elaborados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico e pelo acompanhamento das demais medidas excepcionais em curso, que são fundamentais para a garantia da segurança do atendimento ao Sistema Interligado Nacional, especialmente para 2022”, completou a pasta.
Conforme o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi, a maior incerteza para o próximo ano recai sobre a estação chuvosa. As chuvas começaram no tempo previsto, em outubro, e as afluências (quantidade de água que chega às usinas hidrelétricas) estão na média histórica, mas há incerteza sobre o volume de chuva até abril, quando começa o período seco.
“A estação chuvosa das bacias [hidrográficas] situadas no subsistema Sudeste/Centro-Oeste constitui o período de maior incerteza de previsão, tendo em vista a grande variabilidade observada no histórico para a precipitação nessa região, tanto em volume como na distribuição espacial”, explicou Ciocchi.
“Essa recuperação [dos reservatórios] irá depender não só da configuração de um período chuvoso relativamente bom, mas da avaliação da manutenção de algumas flexibilizações, além da utilização de [usinas] térmicas, o que nos permite estocar água”, disse o diretor-geral do ONS.
Como ponto positivo, há a previsão de entrada de 15 gigawatts de energia de novas usinas – valor que corresponde a 8% da capacidade instalada do País – e de 16 mil quilômetros de novas linhas de transmissão – o equivalente a 10% da capacidade instalada.