Trânsito


"Se eu ficar nervosa, o carro morre": motorista de Caxias fixa adesivo em seu veículo e pede mais empatia no trânsito

Disposta a superar o nervosismo na condução, a estudante Danielle Stolfo Donati, 21 anos, alerta aos demais condutores sobre a sua falta de experiência ao volante
01/02/2022 Gaúcha ZH

A aprovação na conquista da primeira habilitação não impede que muitos condutores ainda fiquem tensos na hora de sentar no banco do motorista, ligar a chave e sair dirigindo um veículo pelas ruas. Tarefa que fica ainda mais difícil quando a buzina de outros automóveis acaba soando como mais um modo de pressão a quem dirige. Para superar esses desafios e conduzir o carro de forma mais tranquila, a estudante Danielle Stolfo Donati, 21 anos, adotou uma iniciativa inusitada no trânsito de Caxias do Sul: fixou um adesivo no vidro traseiro do veículo alertando aos motoristas sobre a sua falta de experiência ao volante.

Danielle conta que tirou a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) há mais de dois anos, logo quando completou a maioridade, mas, como não tinha carro, não praticou a direção tão logo recebeu a aprovação do documento. Situação essa que mudou em novembro do ano passado quando comprou um automóvel para, principalmente, ir de casa ao trabalho. Por isso, se considera uma recém-habilitada, reaprendendo comportamentos básicos para quem precisa conduzir um veículo. 


Logo nos primeiros momentos, os desafios da nova condição apareceram.  


— Comecei dirigindo bem, mas no terceiro dia, antes ainda de passar a valer o seguro, bati com o carro no portão da garagem de casa. E isso me deixou muito mal, comecei a desenvolver um trauma que foi aumentando na medida que eu estava mais na rua com o carro — explica ela, que está no sétimo semestre do curso de Psicologia.  


A primeira saída encontrada pela estudante para superar essa dificuldade foi procurar por aulas particulares de direção — uma dica recomendada pelos especialistas (leia mais abaixo). Os resultados começaram a aparecer rapidamente e ela conta que se sentiu mais tranquila na condução do automóvel. Mesmo assim, Danielle ainda tinha outro desafio: se atrapalhava e deixava o carro apagar na rua, situação que rendeu buzinas e xingamentos de outros motoristas.


No último Natal, depois de relatar aos primos as suas experiências traumáticas no trânsito, ela recebeu um presente da família: um adesivo amarelo formado por letras pretas com o alerta “Recém-habilitada. Tenha paciência: se eu ficar nervosa, o carro morre”. Mais do que uma atitude corajosa, ela define a decisão de avisar a falta de experiência ao volante como um alívio e recomenda que outras pessoas também adotem essa iniciativa.   


— Começou como uma brincadeira, mas disse para os meus primos que queria mesmo colocar o adesivo e eles foram atrás. Em nenhum momento tive vergonha. Penso que, como motorista, sou responsável por quem está comigo ao meu lado e também pelos demais que estão na rua. A partir do momento que eu aviso que não tenho prática, faço com que o outro motorista tenha mais empatia com a minha dificuldade. Se ele quiser buzinar e reclamar mesmo assim, é uma escolha dele —define. 

Danielle percebe que as relações no trânsito mudaram depois que fixou o aviso. Além de mais confiança ao volante, ela entende também que os motoristas no seu entorno estão mais pacientes. Salvo exceções, como em uma tarde na BR-116, próximo ao bairro Planalto, quando se deparou com um caminhão à sua frente e não conseguiu fazer a ultrapassagem, irritando motoristas que estavam atrás dela. Além disso, percebeu que muitas pessoas param próximo ao seu carro e fazem fotos do adesivo, algo que ela diz gostar da repercussão.  


— Prezo muito pelo senso de humor e isso ajuda bastante também nesse processo. Está tudo bem não ter prática, não tem mal nenhum em admitir isso e o aviso torna público esse meu pensamento. Estou aprendendo a cada dia e, quem estiver perto, pode ajudar e não atrapalhar — conta a jovem, que diz não ter visto nenhum outro carro na cidade com um adesivo semelhante.  


Para ela, empatia é uma palavra-chave no trânsito, seja para novos ou experientes motoristas.  


— Todo mundo tem um começo. O trânsito é perigoso, mas a gente pode tornar ele melhor tendo mais empatia com os outros. Coloquei o adesivo para que fiquem menos estressados comigo quando apago o carro. Melhorei bastante nisso (risos). Estou tentando fazer a minha parte para que as coisas fiquem mais leves — afirma.  




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