CEASA é destruída pelo temporal
Os telhados de quatro pavilhões de frutas das Centrais de Abastecimento do Estado do Rio Grande do Sul (Ceasa), na zona Norte de Porto Alegre, foram destruídos pelo temporal da noite de terça-feira e madrugada desta quarta, com prejuízos ainda incalculáveis aos permissionários. Parte do telhado que serve como proteção aos caminhões que estacionam em frente aos boxes cedeu, e foi arrastado pelo vento sobre as estruturas, parando do outro lado.
“Conversando com pessoas que estão aqui há décadas, disseram que nunca havia acontecido um desastre tão grande a partir de um vendaval. É o cenário de um filme, com ferro retorcido, estruturas com toneladas que voaram centenas de metros”, comentou ele. Os locais foram isolados. Ninguém ficou ferido, pois não havia produtores e revendedores no local no momento da tormenta. Ainda conforme Souza, o estrago somente não foi maior porque, há cerca de 50 anos, a parte superior dos pavilhões foi construída de forma ondulada, o que, de acordo com ele, ajudou a “desviar” a ventania. A Ceasa completa cinco décadas de atuação no próximos mês de março.
Ainda, uma árvore de grande porte foi arrancada pela raiz perto do estacionamento. “Não somos especialistas na área, mas temos a sensação de que fomos atingidos por um tornado ou algo parecido”, acrescentou Souza. Conforme ele, o restante do complexo de 42 hectares está funcional, e parte dele abriu novamente ainda às 12h30min de hoje para o abastecimento de mercados e outros locais do estado.
A Ceasa é responsável por 50% do que é consumido em hortifrútis no Rio Grande do Sul. Depois do temporal, o local também ficou sem energia elétrica, e também não havia previsão de retorno, já que, segundo o diretor-presidente, todas as empresas contatadas para aluguel de geradores estavam com equipamentos locados. A entidade também já fez contato com a CEEE Grupo Equatorial para o restabelecimento.
A entidade ainda não fez o levantamento dos prejuízos, porém o diretor-presidente admite que os boxes dos produtores e comerciantes atingidos não estão seguros para a circulação de pessoas. “Já conversei com o secretário (Ronaldo) Santini (Desenvolvimento Rural) e o governador Eduardo Leite, e ambos me pediram prioridade para este levantamento, tanto de produtos, quanto de infraestrutura, bem como verificar uma forma de que possamos auxiliar os atacadistas a recuperar rapidamente suas perdas e restabelecer o complexo”, afirmou.
Em julho do ano passado, outro vendaval destruiu parte do pavilhão de melancias, área que foi reconstruída e não sofreu danos no temporal mais recente. Ao menos uma estrutura de ferro ingressou na carroceria de um caminhão, que estava parado no local durante a noite, e acabou danificado. “Eu estava em casa e meu gerente comercial fez contato comigo perto das 6h, pedindo para que eu deslocasse para cá. Quando cheguei aqui, vi a Ceasa tomada pelo caos”, afirmou o assistente de Recursos Humanos Aderson Freitas, que trabalha na empresa proprietária do veículo.
Ele ainda definiu a situação como “devastadora”. Em outro dos pavilhões, o gerente de uma empresa produtora de abacaxis do município de Floresta do Araguaia (PA), Geziel Alves Ferreira, viu parte do telhado cair quase inteiro sobre as frutas nas caixas. “Foi um choque chegar aqui e ver tudo isto. Graças a Deus ninguém se machucou e temos que agradecer por isso. Estamos trabalhando no box vizinho, cujo dono nos emprestou uma rampa para descarregar. Agora é época de abacaxi e temos que ver o que vai acontecer até sermos liberados”, lamentou Ferreira.