Homem se passa por policial militar e alega salário parcelado para não pagar almoço em Sapucaia do Sul
Um jovem de 24 anos, morador de Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana, buscou uma forma inusitada de fazer as refeições sem pagar: vestia uma farda da Brigada Militar (BM) e, alegando ser PM com salário parcelado, pedia para que o valor das despesas fosse anotado para posterior quitação. A falta de pagamento fez com que ele fosse denunciado, e seu golpe, descoberto.
O suspeito da fraude, que teria sido aplicada em pelo menos quatro estabelecimentos, foi detido pela BM na noite de quinta-feira (18), na frente de sua casa, no bairro Nova Sapucaia. Ele foi conduzido à Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento de Canoas, que atende a região, onde foi registrada ocorrência por crime de estelionato. O jovem, que vai responder em liberdade, também será investigado por crime militar, pelo uso da farda.
— A vítima que compareceu à delegacia havia sido lesada há mais tempo. Por isso, não havia mais prazo para o flagrante — explica o comandante do 33º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Vladimir Luís Silva da Rosa.
De acordo com as vítimas, o autor do golpe usava sempre a mesma estratégia para aplicá-lo. Fardado, comparecia durante alguns dias a estabelecimentos comerciais, como bares, restaurantes e lancherias, buscando se aproximar de funcionários e proprietários. Quando conquistava a confiança deles, soltava a lábia.
— Dizia que seu salário havia sido parcelado e pedia para que a conta fosse anotada — contou uma vítima.
Inadimplente
Em uma lancheria, ele foi almoçar mais de 20 vezes, acumulando uma dívida de R$ 420. Na quinta-feira (18), ele foi ao local e afirmou ter feito o pagamento por depósito. Mais tarde, quando o proprietário conferiu o saldo bancário, percebeu que o jovem havia mentido. O comerciante, então, foi ao 33º BPM para cobrar o suposto soldado que estava inadimplente com estabelecimento. Só então ficou sabendo que havia sido vítima de golpe.
O material apreendido na casa do jovem demonstra que ele procurava ser detalhista na aplicação do estelionato. Foram encontrados um simulacro de pistola, diversas peças de fardamento da BM, coturno operacional, cinto de guarnição e coldre de arma.
O suspeito guardava em casa obras de doutrina e legislação da corporação: livros de técnicas de tiro policial, do Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), guia de legislação da BM, e documentos operacionais da corporação. Para dar mais autenticidade ao golpe, o falso PM costumava tirar selfies próximo a viaturas da Brigada Militar, com ou sem farda, e publicá-las em redes sociais.
Havia ainda sete cápsulas deflagradas de pistola 380 e cartões de crédito em nome de terceiros, o que deverá motivar outras investigações. O jovem não tem antecedentes criminais.