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Como IZA usa a música contra o racismo: "Por eu estar na TV, fica velado, mas não quer dizer que sumiu"

Em entrevista, cantora, que se apresenta no primeiro dia do festival, comemora a boa fase na TV e nos palcos
25/01/2020 GauchaZH

Se você ligasse a TV aos finais de semana no ano passado, a chance de deparar com IZA era grande. No primeiro semestre, a cantora carioca de 29 anos, uma das atrações principais do Planeta Atlântida 2020, foi a estrela do programa Só Toca Top, da TV Globo, em que recebia grandes nomes da música nacional ao lado de Toni Garrido. Dois meses depois, conquistou o posto de jurada do reality musical The Voice Brasil. A missão da artista era desafiadora: substituir Carlinhos Brown, que estava no time técnico desde a estreia da atração, em 2012. Uma validação e tanto para IZA, que emplacou hits e virou uma das celebridades mais comentadas do país, apenas cinco anos após dar os primeiros passos na carreira musical. 

Não é exagero dizer que a ascensão da cantora foi meteórica – e ainda reserva boas coincidências. Formada em Publicidade, IZA trabalhava como editora de vídeos quando entendeu que aquele não era o rumo profissional (e de vida) que queria seguir. Apaixonada por música, largou tudo e passou a gravar vídeos com covers para o YouTube – provavelmente, assistidos por olheiros do The Voice Brasil, que a convidaram em duas oportunidades para competir no reality musical. 

Em entrevista ao colunista Tony Goes, do jornal Folha de S. Paulo, ela admitiu que simplesmente não teve coragem de encarar a disputa. Hoje, o cenário é outro: IZA é dona de uma das quatro prestigiadas cadeiras do júri, com contrato renovado para a temporada de 2020 ao lado de Ivete Sangalo, Lulu Santos e Michel Teló.

– Foram todas experiências muito importantes para mim. Nunca pensei que pudesse apresentar um programa. Aprendi demais, são atrações muito importantes para o mercado da música. A TV leva a gente para todos os lares – comemora IZA, em entrevista à Revista Donna.

E vem mais por aí. IZA planeja o novo álbum para ser lançado em 2020 e, segundo a colunista Patrícia Kogut, do jornal O Globo, terá seu próprio programa de TV. A atração, que deve mesclar entrevistas com apresentações musicais, teria previsão de estreia para outubro, no canal por assinatura Multishow, onde apresentou, no ano passado, o Música Boa ao Vivo. Deve ganhar ainda mais relevância nas redes sociais: sua força no Instagram quadruplicou desde 2018, beirando hoje os 12 milhões de seguidores – e contando. 


A fashionista, que exibe looks repletos de informação de moda a cada aparição pública, também deve aumentar sua presença na publicidade. 

Mais do que uma grande cantora, IZA é, hoje, uma persona forte no showbusiness. Não tem medo de expor suas ideias e opiniões, seja na música ou fora dela. Exemplo disso é a repercussão de uma de suas falas durante o programa Domingão do Faustão, no início do mês. Homenageada no quadro Arquivo Confidencial, ela arrancou aplausos da plateia e figurou entre os assuntos mais comentados do Twitter por conta de uma declaração sobre como o racismo ainda a assombra:

– Por conta da minha profissão hoje, acho que essa questão do assédio, do preconceito e do racismo fica velada, mas não some. As pessoas têm aquele receio de se expressar da forma como elas gostariam. Mas sei que, se isso não acontecer comigo, não significa que o racismo acabou. A gente ainda tem muita coisa para fazer.

Em seus videoclipes, IZA faz questão de dar espaço a bailarinos negros. Uma atitude de quem entende que, por ter crescido com poucas referências em quem se espelhar, precisa ser voz ativa para mudar esse cenário. 

– Quando era criança, queria muito poder me ver na TV – contou ao apresentador Fausto Silva. – A gente precisa se ver nos lugares para saber que podemos estar em qualquer lugar que desejamos. E isso está mudando.

Assista ao videoclipe de Brisa:


Hoje, ela própria é referência. Para garotas que tinham vergonha de seus cabelos cacheados, de suas curvas. De sua cor. 

– É uma honra e uma responsabilidade também – admite. – Sentia falta de me sentir representada quando era mais nova, e isso tem mudado, ainda bem.

Antes de desembarcar no Estado para se apresentar no primeiro dia do Planeta Atlântida, na próxima sexta-feira, IZA reservou um tempinho de suas férias na Jamaica para responder às perguntas de Donna. No papo a seguir, a estrela do momento conta como está a vida de casada – ela trocou alianças com o produtor musical Sérgio Santos no final de 2018 –, compartilha seus aprendizados sobre como aprendeu a curtir sua própria imagem e revela os próximos passos da carreira. 

Com vocês, IZA.

Você volta ao Planeta Atlântida na próxima sexta para sua segunda apresentação no festival. Como está a expectativa?

Espero que o público se divirta muito. Vou com minha banda e meu balé completo, e o repertório é feito de músicas do meu primeiro álbum e outros sucessos que eu canto. O último lançamento, Evapora, faz parte do setlist, assim como Brisa, Meu Talismã, Dona de Mim, Pesadão e muitas outras.

Como mulher e artista negra, e também como publicitária, como você percebe as mudanças na sociedade, na mídia e na publicidade em prol da diversidade e da representatividade?

Acredito que estamos, sim, avançando. Estamos caminhando, mas temos muita coisa para fazer. A gente precisa se ver mais nos lugares, precisamos acreditar que podemos estar onde a gente quiser. Por eu estar na TV, por ser famosa, a questão do preconceito fica velada, mas isso não quer dizer que tenha 

Em entrevistas, você já afirmou que o “racismo é ignorância”. Também já contou que era a única estudante negra nas escolas particulares que frequentou, e que os ensinamentos de sua mãe ajudaram você a lutar contra o preconceito.

Minha mãe me dizia todos os dias que o meu lugar era onde eu quisesse estar. Sempre me incentivou a fazer minhas escolhas, a ser forte, a lutar. Além da minha formação e de tudo o que ela me proporcionou, minha história na música é responsabilidade dela também. Ela sempre me apoiou, estimulou e encorajou a fazer tudo o que eu quisesse. Me ensinou a não ficar calada e não me paralisar diante do 

Você acaba de completar um ano de casada. Como tem sido essa nova fase para você?

Sérgio é o grande amor da minha vida. Sou muito feliz com ele, a gente troca muito, se entende, se diverte. É muito bom voltar para casa e encontrar com ele todos os dias.


Você já revelou que quer ser mãe de três filhos, e uma mãe jovem.

É mais do que um sonho, eu tenho vocação para ser mãe. Tenho muita vontade de ter minha família. Quero que seja no momento certo e me dedicar ao máximo a 

No ano passado, você deu uma resposta a uma seguidora que comentou sobre suas estrias em uma foto de biquíni. Como lida com essas cobranças que as pessoas ainda insistem em fazer sobre o corpo das mulheres?

Essa cobrança sempre existiu e vai continuar, mas temos que saber quem somos e, principalmente, ser quem a gente quiser. Já passou da hora de as pessoas dizerem o que nós, mulheres, devemos ou não fazer ou como devemos 

Você se sente mais livre, mais segura, com seu corpo hoje? Há questões que a incomodavam antes e agora não mais?

Com certeza! Eu me olhava no espelho e não gostava do que via. Não gostava de tirar fotos na minha adolescência. Demorei para me empoderar em relação ao meu corpo, à minha cor, às minhas formas. Achava meu corpo desproporcional. Mas, com o amadurecimento, vamos entendendo e aprendendo a nos amar.

Dia desses, você respondeu perguntas de seus fãs no Instagram e contou sobre seus hábitos com exercícios físicos. Fala mais sobre isso?

Não gostava muito de malhar, mas entendi, aos poucos, que precisava ter vida de atleta porque é isso que eu sou. Qualquer cantor hoje em dia é. Tive um problema no joelho no meio de 2018, mas só poderia parar para operar no começo de 2019. Diante disso, precisei começar a fazer exercícios para fortalecer a musculatura e seguir com os shows até poder operar. Acabei descobrindo que gosto de malhar, fico mais forte. Melhorou meu rendimento no palco e a minha 

Nunca se falou tanto em autocuidado, em tirar um tempo para cuidar de si. Na sua rotina corrida, o que você gosta de fazer para manter sua saúde mental em dia?

Gosto do meu momento em casa, de estar com minha família e meus amigos. O que me mantém sã é ter um marido incrível, uma família muito próxima e uma equipe incrível que me ajuda demais.

Você será rainha de bateria pela primeira vez, na Imperatriz Leopoldinense, no Rio de Janeiro. Como está a expectativa para desfilar na avenida?

Nossa, estou muito ansiosa para o desfile! O dia da coroação foi muito emocionante, imagina na hora na avenida? Fiquei muito feliz e lisonjeada com o convite, sempre quis viver isso, sempre sonhei em ser rainha de bateria. A Imperatriz é um lugar muito importante para mim, eu estudava perto da quadra, passava sempre pela escola. Vai ser uma honra!

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