Agricultura


Estiagem pode afetar contratações de safreiros

Não bastasse o impacto direto na agricultura, com perdas nas lavouras de tabaco, a falta de chuva também pode afetar outra ponta da cadeia produtiva: as indústrias de beneficiamento.
08/02/2020 Folha do Mate

Não bastasse o impacto direto na agricultura, com perdas nas lavouras de tabaco, a falta de chuva também pode afetar outra ponta da cadeia produtiva: as indústrias de beneficiamento.

Essa realidade já é ventilada pela Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Afins (Fentifumo), que representa sete sindicatos. “Infelizmente a estiagem vai causar uma quebra nas contratações para este ano”, afirmou o presidente da federação, Gualter Baptista Junior.

Sem precisar números absolutos, o dirigente informou ainda que algumas áreas estão ‘mais graves’ que outras, mas que em Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires – os dois maiores contratadores – a diminuição será sentida. “Entre 8% a 12% menos contratações que no ano passado”, apontou.

Com base no que a região contratou em 2019, é possível fazer uma estimativa de até mil contratos a menos. No último mês de abril, só considerando Santa Cruz, Vera Cruz e Sinimbu, eram 6,1 mil safreiros trabalhando, de acordo informações do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Fumo e Alimentação de Santa Cruz do Sul e Região.

VENÂNCIO

Em Venâncio Aires, na safra passada a projeção inicial era de 4,5 mil contratações. Já para este ano, a expectativa é de 500 contratos a menos. “Teremos algo em torno de 4 mil trabalhadores. Porém, com a estiagem e menos tabaco na lavoura, mais curto será o contrato, porque o tabaco será processado em menos tempo. Devemos ter uma queda na contratação”, destacou o administrador do Sindicato da Indústria do Fumo, Alimentação e Afins de Venâncio Aires, Ricardo Sehn.

Ainda conforme ele, o tempo médio da safra 2020 será de seis meses. “Deve de ir até junho ou julho, mas sempre tem uma quantidade de contratos que seguem por um período maior.”

MANUTENÇÃO

Em contato com algumas tabacaleiras do município, sobre a possibilidade de menos contratações ou não devido à estiagem, a reportagem obteve retorno da Marasca.

Conforme o diretor Administrativo e Financeiro da Marasca, Inácio Leismann, há uma expectativa de queda na produção total, mas, apesar disso, o número de contratações de safreiros não terá alterações em relação ao ano passado. A compra na empresa iniciou no fim de novembro e o período ‘mais grosso’ do beneficiamento deve seguir até julho.

COMEÇO

  1. A maioria das tabacaleiras inicia a compra em meados de janeiro e dá início ao processamento na metade de fevereiro. Na Alliance One, por exemplo, a compra de todas as unidades foi aberta e deve seguir até julho.
  2.  Segundo Braulio Staub, analista de comunicação e responsabilidade social da Alliance, a data de início do processamento ainda será confirmada, mas devem ser gerados até 3 mil empregos diretos.
  3.  O número abrange todas as unidades da Alliance One, espalhadas pelo Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A estimativa considera mensalistas, horistas e aprendizes.

Na lavoura

Segundo relatório da Emater de Venâncio, o tabaco é uma das culturas mais afetadas pela estiagem nos últimos dois meses. Desde dezembro, a situação se agravou e já são 3.660 toneladas a menos. A quebra já é de 17% no município.

Dorilde vai para a 24ª safra

Enquanto sindicatos estão receosos com a diminuição das contratações, há quem já teve sua ‘carta de retorno’ carimbada e comemora a oportunidade de começar mais uma safra.

Ou a 24ª, como é o caso de Dorilde Will Queiroz, 56 anos. A safreira, moradora do bairro Battisti, conta que na última semana pegou seu uniforme e já aguarda ansiosamente pelo próximo dia 17, quando iniciará os trabalhos na CTA Continental. “Em novembro recebi a ‘cartinha’. Depois, em janeiro, fiz os exames e esperava ansiosamente para ser chamada. Essa semana fui buscar meu uniforme. Está prontinho, já lavei e passei.”

Dorilde vai trabalhar na Linha 3, no setor conhecido como ‘alimentação’. Ela conta que já trabalhou em diversos setores, mas nos últimos anos tem permanecido na Linha 3. Após a safra, Dorilde faz períodos temporários em outras empresas. “Às vezes são dois dias por semana, daí na outra a gente volta. É bom isso, estou sempre envolvida nesse ramo”, destaca.


Morando há 42 anos em Venâncio Aires, a safreira enfatiza que gosta muito do que faz e é grata pela oportunidade. “A gente capricha o tempo todo, porque no ano seguinte quer voltar. E receber essa oportunidade, em tempos de crise, é gratificante. Gosto muito do que faço”, finaliza.

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