Prevenção de HIV entre jovens é foco de parceria do governo do RS com a Unesco

Escolas receberão atividades interativas a respeito de uso de camisinha, gravidez precoce e consumo de álcool e drogas

10/02/2020 GaúchaZH

É com uma aposta na interatividade que o governo estadual pretende mobilizar os jovens para a prevenção contra o contágio pelo vírus HIV. Na manhã desta segunda-feira (10), no Palácio Piratini, o governador Eduardo Leite (PSDB) oficializou uma parceria entre o Rio Grande do Sul e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que pretende conscientizar essa parcela da população a respeito de relações sexuais seguras. Entre as principais ferramentas, estão a realização de peças de teatro interativas e oficinas nas escolas e uma ampla ofensiva nas redes sociais. O objetivo é atingir 500 mil jovens por mês via Facebook e Instagram.

O projeto, batizado de Tecnologias Sociais Inovadoras de Educação e Saúde para a Prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)/Aids no Estado do Rio Grande do Sul, recebeu um repasse de R$ 4,4 milhões do Ministério da Saúde e tem duração inicial prevista de quatro anos.

Letícia Ikeda, médica da Secretaria Estadual da Saúde (SES), ressaltou os altos índices de HIV no Estado, acima da média nacional (são 27,2 pessoas infectadas a cada 100 mil habitantes no RS e 17,8 a cada 100 mil no Brasil), e a concentração do maior número de casos de enfermidades disseminadas pelo sexo sem proteção nas cidades que registram também os mais elevados índices de violência. Na primeira etapa, serão envolvidos 21 municípios considerados prioritários, a maior parte deles listada pelo RS Seguro, da Secretaria da Segurança Pública (confira relação abaixo), programa que se concentra nas cidades com os mais altos níveis de criminalidade. A ideia é depois replicar as atividades para outras localidades. Com informação, pretende-se mudar a realidade mostrada pelas pesquisas.

– Os jovens seguem aumentando suas taxas de infecção. Não tem tendência de queda – lamentou Letícia.

Uma exposição itinerante passará por escolas, acompanhada de esquetes teatrais em que os atores poderão interagir com o público. A plateia também terá a chance de interferir no andamento da história encenada. Em contêineres interativos, serão abordados temas como uso de camisinha, gravidez precoce e consumo de álcool e drogas. Com essas ferramentas, a expectativa é atingir 300 mil jovens.

Durante o evento de lançamento, no Salão Negrinho do Pastoreio, um ator promoveu um quiz com a plateia, exemplificando que as informações podem ser repassadas de forma lúdica e atraente.

– Queremos que o jovem tenha acesso à informação do jeito que ele consome a informação. Da maneira antiga, com folder e palestra, ele não se engaja. A inovação está na origem e na raiz desse projeto. É uma tecnologia social inovadora, conferindo aos jovens protagonismo, trazendo eles ao centro do palco – comentou Marlova Noleto, representante da Unesco no Brasil.

Ao longo do último ano, detalhou Marlova, o foco foi a definição das metodologias. Entre os planos futuros da parceria está também o desenvolvimento de aplicativos. Segundo a representante da Unesco, outros Estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, já têm parcerias proveitosas com a entidade na área de ISTs.

– É muito bom que o governo gaúcho perceba que o Estado está com a taxa de contaminação elevada e faça saúde pública – acrescentou Marlova.

Secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann deu um toque pessoal a sua intervenção:

– Como avó de um adolescente de 15 anos, estou emocionada porque realmente não é fácil abordar esse tema.

Da Unesco, disse Arita, virão a excelência, a expertise e as boas práticas.

– Estamos aqui para dizer "sim" a uma nova estratégia, para que o adolescente seja protagonista, seja ouvido – completou a secretária.

Leite encerrou o evento:

– Queremos que as pessoas se protejam. Queremos que o Rio Grande do Sul não esteja mais no topo da lista de casos de HIV no Brasil. Precisamos de formação de consciências. Está na consciência o dizer não aos comportamentos de risco.

Municípios prioritários contemplados pelo projeto