O avanço de Odair Hellmann
A cada resultado ruim, boa parte da torcida enche as redes sociais de críticas ao treinador do Inter. Elas convergem na direção de um reparo à falta de repertório ofensivo do time que comanda desde o fim de 2017. Varia a intensidade de acordo com o tamanho do mau resultado, mas a crítica é recorrente. Quando mais um título foi disputado sem faixa no peito, como o Gauchão, o volume aumenta. O que protege Odair Hellmann de treinador é a Libertadores. Combinemos, não se trata de pouca carteira. Com uma rodada de antecedência e na chave em que está o atual campeão da Libertadores, o Inter confirmou primeiro lugar com uma rodada de antecedência.
Podemos todos discutir de que jeito e se o desempenho se aproximou do sonhado ou possível. O que não dá para debater é o sucesso matemático do trabalho de Odair. Se não descermos aos detalhes, é um carteiraço espetacular chegar na frente do campeão da América na penúltima rodada da fase de grupos.
Odair Hellmann é bom treinador. No mundo maravilhoso de Maurício Saraiva, todos os times jogariam à la Guardiola. Neste caso, Odair não cumpriria os requisitos. Porém, a humanidade já deve ter entendido que mundo ideal não existe. Logo, há espaço, sim, para o conceito de jogo do treinador do Inter. Uma equipe pode ser campeã jogando na base da reação, fazendo poucos gols e se notabilizando por ser excelente no defender. O Corinthians ganhou Brasileirão de pontos corridos assim. Imagine então numa competição com fórmula e fases eliminatórias. Claro que pode dar certo.
Então, ao mesmo tempo em que reafirmo não ser o modelo de Odair Hellmann o meu preferido para um time de futebol, digo com a mesma ênfase que o trabalho dele no Inter é bom e vai melhorar. Do seu jeito. Nas oitavas de final, decidindo a vaga em casa, o Inter vai abrir visitante se defendendo muito mais do que atacando. Fazendo o resultado positivo, não precisará mudar sua identidade para o jogo da volta. Desta forma, poderá avançar até a final, jogo único em Santiago do Chile. Aqui, não se trata de gostar ou não gostar de como Odair monta o Inter. Na competição mais importante do ano para os colorados, está dando certo.