Educação


"Foi o melhor Enem de todos os tempos", diz ministro da Educação em sabatina sobre falhas nas provas

Abraham Weintraub foi convocado para prestar esclarecimentos sobre os problemas com a correção e atribuição de notas do Exame Nacional do Ensino Médio em 2019
11/02/2020 GaúchaZH

Em audiência pública convocada para esclarecer as falhas na correção das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que, apesar dos problemas, esse "foi o melhor Enem de todos os tempos". Em exposição antes de uma sabatina no Senado Federal, Weintraub dedicou a maior parte do tempo a exaltar sua atuação e apresentar feitos do Ministério da Educação (MEC) sob sua gestão, pouco explicando os erros.

— Não tô falando que não teve erro nenhum, que não teve nada, que foi perfeito. Mas me tragam um Enem que foi melhor que este. Não teve. Só vai ter um Enem melhor que o de 2019, que vai ser o deste ano. E o outro ano vai ser melhor — garantiu Weintraub.

Em seguida, os senadores presentes na Comissão de Educação puseram-se a questionar Weintraub. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) perguntou sobre o episódio em que Weintraub usou sua conta pessoal no Twitter para solicitar que o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), presente na sabatina, analisasse a prova da filha de um apoiador — ação que, de acordo com os parlamentares, se enquadra como quebra de decoro e falta de impessoalidade.

— Quanto a esse pai, eu não conheço ele, nunca tinha visto. Por que eu fiz isso? Da mesma forma como eu peguei o erro das questões lá atrás (a partir de relatos no Twitter), como eu interajo diretamente com as pessoas. Ele em nada foi beneficiado a mais do que outros — afirmou o ministro.

Também o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) afirmou que o ministro da Educação violou os princípios constitucionais da legalidade, da moralidade e da eficiência. O senador leu em voz alta respostas de Weintraub a pessoas que o criticaram no Twitter, em que ele proferiu ofensas.

— Meu Deus, esse é o ministro da Educação da Presidência da República Federativa do Brasil. É uma gestão que eu qualifico como desastrosa — disse Contarato, um dos autores de um pedido de impeachment contra Weintraub.

Não tô falando que não teve erro nenhum, que não teve nada, que foi perfeito. Mas me tragam um Enem que foi melhor que este. Não teve. ABRAHAM WEINTRAUB - Ministro da Educação

Entre os argumentos para embasar o pedido, está o de que o MEC perdeu R$ 1 bilhão em recursos oriundos da Lava-Jato e que deveriam ter sido usados na educação. De acordo com os parlamentares, o ministério perdeu o prazo para empenhar os recursos e, por isso, o dinheiro foi perdido.

No final de janeiro, críticas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao ministro Abraham Weintraub expuseram o agravamento das relações entre o MEC e a Câmara. Maia disse que Weintraub é um desastre e que "atrapalha o Brasil". Afirmou, ainda, que "o grupo que o ministro representa é a bandeira do ódio".

Silêncio sobre as falhas

O ministro, que tomou posse em abril, compareceu pela nona vez ao Senado para prestar esclarecimentos. Quanto às falhas no Enem, ele explicou que se manteve em silêncio porque a Justiça estava julgando o processo.

— Por que eu me calei nesse período todo: em respeito à Justiça, que estava julgando se havia qualquer coisa errada que pudesse prejudicar qualquer pessoa que participou do processo seletivo. Em respeito à Justiça, eu fiquei quieto. Agora que estou sendo chamado por outro poder, venho institucionalmente me defender da chuva de fake news que se abateu sobre o MEC — afirmou ele.

Para Weintraub, comparativamente, esse foi o Enem com o menor número de problemas e menos impacto. O governo federal atribuiu à gráfica Valid a falha que levou 5.974 participantes a terem alteradas suas notas na correção da edição de 2019 do Enem. O número de participantes afetados representa 0,15% do total, que foi de 3,9 milhões na última edição.

— Abrimos um processos administrativo contra a gráfica, e a Justiça vai atrás dela. Quanto a outros erros... circulação de fotos (das provas) houve, mas não prejudicou ninguém. O Enem já estava rodando — garantiu o ministro.

Weintraub apontou, ainda, que as pessoas que se sentiram lesadas "têm que ver se querem um processo por dano moral" contra a gráfica, e que "aí é questão para a Justiça avaliar", eximindo o MEC de responsabilidade. Ele garantiu que ninguém deixou de entrar na faculdade por conta de algo que tenha acontecido no último Enem.

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