Polícia


7 em cada 10 feminicídios de 2019 foram cometidos na residência da vítima ou do agressor no RS

Maior parte das vítimas de feminicídio no ano passado era branca e tinha o ensino fundamental. Estudo mostra também que maioria dos crimes aconteceu durante o dia, e que somente quatro vítimas tinham medida protetiva.
05/03/2020 G1

Um estudo realizado pelo Observatório da Violência contra a Mulher da Secretaria de Segurança Pública do RS traça o perfil do feminicídio no estado em 2019. Este tipo de crime tirou a vida de 97 mulheres em função de sua condição de gênero no estado ao longo do ano.

A análise de boletins de ocorrência e contatos com familiares mostraram os locais, horários e circunstâncias dos crimes, consequências, perfis das vítimas e de agressores. Com essas informações, as autoridades de segurança pretendem reforçar o combate e a proteção das mulheres.

"Esse perfil mostra a importância da medida protetiva, que é uma forma de proteger mais a mulher", diz a chefe da Polícia Civil do RS, delegada Nadine Anflor.

O levantamento mostra, por exemplo, que a casa da vítima ou do agressor é o local onde a maioria dos casos aconteceu: 71%.

"Elas morrerem nas residências. Mostra que cada vez mais é importante o engajamento dos familiares, da sociedade como um todo, que se tenha esse olhar, criar essa empatia, fazendo com que a mulher se sinta protegida, não só pelos órgãos de segurança, mas dentro de casa. Até porque muitas vezes os familiares estão mais perto dessa mulher do que os órgãos de segurança", explica a delegada.

O caso de uma mulher morta após levar 18 facadas em Viamão é um desses exemplos. Após cerca de um mês de separação, o homem, ao saber que a ex tinha um novo relacionamento, invadiu a residência dela e a atacou. As duas filhas da vítima, de 10 e 13 anos, presenciaram o crime.

O caso aconteceu em 23 de outubro. O homem foi preso em flagrante. Após cerca de um mês em estado gravíssimo, a mulher faleceu.

Outros 17 casos de feminicídio foram na rua. Dois em um estabelecimento comercial, dois em motéis ou hotéis, uma mulher foi morta dentro de um veículo e outra, em prédio abandonado, mostra o estudo. Três casos aparecem como local não identificado.

Dos 97 feminicídios, a maioria aconteceu na cidade: foram 75 casos. Outras 16 mulheres perderam a vida em áreas da zona rural em 2019.

Em relação aos dias da semana, duas datas se destacaram no estudo: segunda-feiras e sábados, cada um com 17 casos registrados. Já quartas-feiras e sextas-feiras tiveram os menores registros, 10 casos cada.

A maior parte das mulheres foi mortas à luz do dia: 48 casos foram entre 6h e 18h, e 43 no período da noite e madrugada.

Perfil da vítima

Armas brancas (33 casos) e de fogo (32) são as mais empregadas por homens em feminicídios, mostra o estudo.

Um desses casos foi a morte de uma mulher de 24 anos, morta com dois tiros na cabeça pelo ex-companheiro em Sapucaia do Sul, no dia 20 de dezembro. O homem, de 29 anos, foi preso. Eles tinham uma filha de 6 anos.

Seis mulheres morreram em decorrência de agressões. E nove, por estrangulamento ou asfixia.

Em relação ao perfil da vítima, os dados apontam para uma maioria branca e com ensino fundamental.

Do total de mulheres assassinadas, 79 era branca; sete, negras; três mulatas e duas pardas. Cinquenta e duas tinham ensino fundamental, 22 escolaridade não informada, 12 com ensino médio e cinco com ensino superior.

Características que também se aproximam do perfil do homem autor do crime: a maioria é branco e tem ensino fundamental.

Dos casos registrados no ano passado, 52 dos autores dos crimes foram encontrados e presos pela polícia. Entre eles, está o caso de Maria Elisângela de Moraes, morta pelo companheiro em Taim, no Sul do RS, em 16 de setembro do ano passado, conforme a polícia. O homem foi preso.

Segundo o estudo, 19 homens cometeram suicídio.

4 casos com medida protetiva

Em 96% dos casos, a vítima não tinha medida protetiva de urgência, diz a SSP. Somente quatro mulheres tinham a medida em vigor. Em 42% dos casos havia uma ocorrência registrada contra os agressores. E a maioria também se deu em contexto de situação doméstica e familiar.

A Polícia Civil chegou à autoria de 93% dos casos. Setenta e seis procedimentos foram remetidos à Justiça e 58 agressores já respondem pelo crime.

"Com esse perfil, a gente vai fazer uma transversalidade com outras secretarias, para que se possa combater esse tipo de crime", afirma a delegada.


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