Dom Feliciano


Estiagem persiste no Estado nos próximos sete dias e Dom Feliciano sente cada vez mais os prejuízos da seca.

Prejuízos nas plantações de uva, milho, soja, feijão e fumo estão próximos de ingressar no status de Estado em condições de seca
06/03/2020 Aline Rosiak - Donfa News / Fotos: Giovanildo Lopes Costa

A próxima semana permanecerá sem chuva na maior parte do Estado, de acordo com o Relatório Oficial Nº 8, elaborado pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapen), Emater-RS e pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

Entre a quinta-feira (5/3) e o domingo (8/3), a presença do ar seco manterá o tempo firme, com grande amplitude térmica em todas as regiões, com temperaturas mais baixas na madrugada e valores acima de 30°C durante o dia. Somente na Serra do Nordeste e no Litoral, poderão ocorrer pancadas de chuva, fracas e isoladas.

Entre a segunda (9/3) e a quarta-feira (11/3), a passagem de uma frente fria no oceano favorecerá o aumento da nebulosidade sobre o Estado, mas as pancadas de chuva permanecerão fracas e com baixos volumes acumulados.

Os totais previstos de chuva deverão ser inferiores a 10 mm na maioria das regiões. Apenas nos Campos de Cima da Serra e no Litoral Norte os valores deverão oscilar entre 10 mm e 20 mm.

Em Dom Feliciano muitas localidades do interior estão sem água até para consumo animal. Embora a situação de emergência tenha sido reconhecida e homologada, nada mudou diz o Prefeito Clenio Boeira, que espera que o Governo tome providências o quanto antes. Uma das medidas seria a anistia sistema troca-troca de sementes, completa o prefeito.

A Cooperativa de Crédito Cresol de Dom Feliciano está realizando uma pesquisa interna para ter conhecimento do impacto da seca para seus associados e assim também contribuir com levantamentos feitos pelas secretarias e órgãos locais.


De acordo com as condições climáticas atuais, que ainda não são consideradas de seca e sim de estiagem por que atingem pontos isolados e representam produtividades desiguais, o Estado já está perdendo, em dinheiro, R$ 4,84 bilhões somente nas culturas da soja e do milho. 

De acordo com o diretor técnico da Emater, Alencar Rugeri, a quebra na soja, até o momento, é de 16,2% na produção, projetada para 16,53 milhões de toneladas, contra os 19,74 milhões de toneladas estimados inicialmente. A produtividade da oleaginosa, em função da falta de chuvas, também caiu 16,4%, de 3,31 toneladas por hectare para 2,77 toneladas por hectare. "Este é um quadro que pode piorar se de fato não chover nos próximos dias, período em que as plantas estão em enchimento de grão", reflete Rugeri, que voltou a dizer que a situação da safra de verão gaúcha é realmente tensa. 

No caso do milho, as perdas estão ainda maiores em relação à estimativa inicial. Apenas no milho grão, onde a projeção apresentada em 2019 na Expointer era de uma colheita de 5,94 milhões de toneladas, a queda apontada, com base nos dados coletados entre 16 e 29 de fevereiro nos escritórios da Emater no Estado, foi de 21,1%, levando a uma expectativa de colheita 4,69 milhões de toneladas. A produtividade média teve uma redução de 22,3%, caindo de 7,7 toneladas por hectare para 5,9 toneladas por hectare. O milho é das culturas de verão a que mais sofre com estresse hídrico, tem apenas cerca de 15% da área plantada  de 783 mil hectares cobertos por irrigação.

No total, a safra de grãos do Rio Grande do Sul está projetada até o momento em 28,72 milhões de toneladas, 8,8% a menos que a safra 2018/2019, que chegou a 31,49 milhões de toneladas de grãos.

O arroz, entre as grandes culturas, foi a que até o momento apresentou menos impacto em razão da estiagem, pelas próprias características do cultivo, totalmente irrigado. A projeção inicial indicava que o arroz chegaria a uma produção de 7,5 milhões de toneladas, mas estima-se agora que chegue a 7,4 milhões de toneladas, numa redução de 1,5%. A produtividade, neste caso, aumentou, passando de 7,81 toneladas por hectare para 7,83 toneladas por hectare. A área plantada com arroz apresentou diminuição de 1,8%, passando de 961,3 mil hectares para 944 mil hectares, o que indica que o ajuste na produção está mais ligado à queda na área do que propriamente aos impactos da estiagem.

O diretor técnico da Emater avalia que a situação climática do Rio Grande do Sul neste ano tem particularidades que não se viam no Estado há muito tempo, no que diz respeito a desuniformidade das chuvas. "Há locais em que chove mais, outros menos e as vezes localidades próximas onde uma colhe 20 sacas por hectare e outra 80 sacas por hectare", comentou.

Setor pressiona por socorro

Na abertura da Expodireto, as entidades saíram frustradas com o discurso da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina. Segundo ela, o governo está olhando para o cenário climático no Rio Grande do Sul e estudando formas de atender as demandas apresentadas até o momento, mas não sinalizou com qualquer solução.

O presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, não disfarçou a irritação com a inexistência de avanços. "Foi frustrante a fala da ministra, a quem, na manhã desta segunda-feira, entregamos um novo documento reforçando as dificuldades pelas quais estão passando os produtores. Dizer que o governo federal está olhando para o agricultor é fácil, mas e agir?", reclamou Joel.

A seca que atinge o Rio Grande do Sul desde o final de 2019, é considerada a mais severa desde 2012. Somente em Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires, o prejuízo estimado no setor do Tabaco é em mais de R$ 100 milhões. 

Enfim os produtores esperam anistia e prorrogação das dívidas e sugerem até um cartão alimentação por parte do Governo Estadual para evitar que a fome ronde os lares de muitas famílias e cobram também que as empresas fumageiras assumam sua responsabilidade social com os produtores de fumo, pois com dólar alto estima-se que estão ganhando bem, diz Gilberto Wink, liderança do Movimento dos Pequenos Agricultores do município de Vera Cruz.


Fotos das localidades de Herval, Zona dos Lopes e Linha 35, interior de Dom Feliciano.

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