Com triagem e rastreamento de casos, Pelotas é a última cidade brasileira com mais de 200 mil habitantes a registrar mortes por coronavírus
Pelotas, no Sul do RS, foi a última cidade brasileira com mais de 200 mil habitantes a registrar óbitos pelo novo coronavírus. No quarto mês da pandemia, o município teve dois óbitos pela Covid-19 em dois dias: o de uma mulher de 51 anos, no sábado (20), e do professor José Raymundo, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), na madrugada de segunda (22). A taxa de mortalidade na cidade é de 0,6 a cada 100 mil habitantes, enquanto no estado, esse índice é de 4,2.
A secretária municipal de Saúde da cidade, Roberta Paganini, acredita não haver "resposta definitiva" sobre o que fez com que a cidade retardasse os registros de óbitos. "Tudo é muito novo, a gente vai ter mais certezas com o passar do tempo".
A cidade se prepara para conter a doença desde fevereiro, quando iniciou o plano de contingência. Na época, os casos no Brasil ainda eram importados e nenhum infectado tinha sido confirmado no Rio Grande do Sul, o que só ocorreu em 10 de março.
De lá para cá, a cidade teve cerca de 200 casos confirmados. Até essa terça-feira (23), seis pessoas estavam internadas na cidade, dos quais três na UTI e três em leitos clínicos.
As medidas de isolamento tiveram um impacto positivo na cidade, como lembra a secretária. "Pelotas fechou muito cedo. O primeiro decreto da prefeitura foi em 19 de março. Depois, começou a fazer uma flexibilização mas com medidas bem rígidas e fiscalização", afirma.
Segundo Roberta, há colaboração e entendimento entre a população, e também entre instituições e entidades, que aderiram ao combate à doença.
Em paralelo, o atendimento de saúde foi reforçado para atender a alta na demanda. Para evitar o a contaminação cruzada, as equipes de saúde passaram a atender pela manhã os pacientes com sintomas respiratórios e à tarde, as outras demandas Também foram instaladas barracas de triagem.
"Lá no início, quando [o paciente] se enquadrava [nos sintomas de Covid-19], a gente testava e isolava, investigava os contactantes. Isso ajudou a ter um controle na fase de contingenciamento."
Pelotas conta com uma estrutura de rastreio, com equipes dedicadas a monitorar a saúde dos pacientes com sintomas respiratórios. "Todo caso confirmado se faz essa investigação e o isolamento". Assim que o laboratório confirma o teste positivo, as Unidades Básicas de Saúde entram em contato a cada 48 horas, por telefone ou presencialmente, pelos 14 dias de isolamento.
Todas as internações registradas por síndrome respiratória aguda grave têm suspeita de Covid-19, ressalta a secretária. Além disso, até o último dia 8, 5.573 testes foram feitos nas cidades, o que equivale a 9,6 pelotenses a cada 1 mil habitantes.
O município também não registrou aumento no número de óbitos, pelo contrário: foram 1.198 entre março e junho de 2020, período em que, no ano passado haviam sido 1.284, um total de 86 registros a menos. Por fim, não há registros de surtos na cidade, conforme boletim epidemiológico publicado pelo governo do estado.