Professora com câncer de mama faz máscaras e artesanato para complementar renda em Chapada
No mês de janeiro deste ano, a professora Bruna Proença de Almeida Silva, de 34 anos, recebeu o diagnóstico que mudaria sua rotina de vida e trabalho. Moradora da cidade de Chapada, no Norte do Rio Grande do Sul, Bruna descobriu que estava com câncer de mama do tipo triplo negativo.
"Quando recebi o resultado foi um choque. Eu tive que fazer mais uma bateria de exames, a espera por resultados é extremamente angustiante", lembra.
Quando começou o tratamento de quimioterapia, Bruna teve que se afastar das escolas em que dava aula para entrar em licença médica. Em uma delas, atuava como professora convidada, e acabou encerrando o vínculo.
"Perdi a minha convocação, portanto mais da metade do meu salário", conta Bruna.
Foi então que o artesanato apareceu como uma possível fonte de renda. Tudo começou com a produção de fantoches, que eram usados nas brincadeiras com a sobrinha, sua "anjinha", como ela diz. Logo depois, com o avanço do coronavírus, Bruna passou a costurar máscaras de tecido.
"Minha história é cheia de anjinhos e da mão de Deus em tudo. As vendas estavam uma maravilha, eu estava super feliz com aquela conquista", lembra.
Apesar disso, Bruna sabia que precisava ampliar a oferta de produtos e com ajuda financeira, ela ganhou um máquina para estampar camisetas, canecas e copos.
"Consegui fazer parcerias para vender cestas no Dia dos Namorados, comecei a fazer uniformes. As coisas estavam melhorando novamente, e quando fui ao médico ele me disse que era a hora de me preparar para cirurgia".
De acordo com a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, o câncer de mama triplo negativo é relativamente raro e o subtipo mais grave da doença.
"No meu caso o indicado é a remoção total das mamas. O cirurgião do SUS (Sistema Único de Saúde) faz apenas a retirada de uma das mamas, a que está doente. Mas como a probabilidade do retorno do câncer na outra mama é muito alta, eu não queria arriscar a passar por tudo isso novamente, mas o valor da cirurgia eu não teria como pagar".
A cirurgia de mastectomia indicada para Bruna custa em torno de R$ 28 mil.
"Estava angustiada com a situação, não sabia o que eu iria fazer. Eis que surge mais um 'anjinho' e me falou da vaquinha online, e eu pensei: 'O não eu já tenho'. Tenho apenas um mês para levantar esse valor, vou tentar divulgar meu trabalho e o que entrar com a vaquinha vai ser de muita ajuda"', conta.
Em quatro dias de campanha virtual, quase 400 pessoas participaram e foram arrecadados R$ 35,8 mil até a tarde desta terça-feira (30). O valor é o suficiente para realização da cirurgia.
"Já fiz 5 sessões e irei fazer a sexta e última sessão segunda, dia 6 de julho de 2020. Depois terei que fazer a cirurgia. Meu coração está explodindo de felicidade, minhas esperanças de que tudo dará certo aumentaram, não tenho palavras para agradecer".
O ateliê não será deixado de lado, e se sobrar dinheiro da campanha, o destino é um só.
"Será investido no ateliê, na compra dos maquinários que ainda faltam pois ainda tenho que trabalhar para suprir as necessidades da minha família", pontua Bruna.