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Presença de linhagem rara do zika vírus é monitorada em macacos na Região Metropolitana de Porto Alegre

Linhagem africana é diferente da asiática, que provocou epidemia da doença, há cinco anos.
13/07/2020 G1

O Centro Estadual de Vigilância em Saúde e universidades do RS e de Nebraska, nos Estados Unidos, monitoram a presença da linhagem africana do zika vírus, considerada rara, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

Um estudo, publicado no fim do mês passado pela Fiocruz Bahia, alertou para a importância de acompanhar a linhagem africana do vírus, diferente da linhagem asiática, que provocou a epidemia de zika em 2015. Como observa a Fiocruz, os brasileiros não têm anticorpos para a zika africana. Além do RS, as amostras foram isoladas no Rio de Janeiro, conforme a entidade.

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Conforme o professor e pesquisador da Feevale Fernando Rosado Spilki, que é um dos participantes da pesquisa, a linhagem africana foi encontrada em Uganda, pouco antes dos anos 1940, e causou poucas infecções em seres humanos, nenhuma delas detectada na América.

A linhagem asiática foi descoberta posteriormente, e acabou provocando a epidemia em 2014, quando o Brasil registrou mais de 3,6 mil casos de síndrome congênita do zika em bebês, com quadros de microcefalia.

No RS, a linhagem africana começou a ser percebida dois anos depois. "Em 2016, a gente encontrou pela primeira vez um vírus zika em macacos. Eles tinham lesões em alguns órgãos, fomos analisar e encontramos a linhagem africana", resume o professor.

Mais amostras foram detectadas, sempre em bugios, na região de Itapuã e na Região Metropolitana de Porto Alegre, nos anos de 2017 e 2019.

Não é possível ter certeza de como o vírus veio parar no Rio Grande do Sul, diz o professor. Há uma possibilidade da presença ter relação com o tráfico de animais selvagens.

A forma de transmissão para humanos é semelhante ao que acontece com a linhagem asiática, com o aedes aegypti como vetor da doença. Ele é capaz de picar os macacos e depois, transmiti-los aos humanos.

Porém, os riscos de disseminação, no momento, são baixos, conforme o professor Fernando, devido à vigilância nas regiões com a presença de macacos no RS.

"A gente tem que antever esses eventos, fazendo ecovigilâncias", ressalta. "A própria secretaria fica atenta para o relato de doenças em símios", salienta. "Importante ressaltar que os animais são vítimas do vírus e que devem ser protegidos, não representando perigo para a população humana", afirma o professor.

Em caso de uma futura epidemia da nova linhagem, o controle epidemiológico deve ser o mesmo adotado para os casos de zika asiática. "Do ponto de vista genético são bastante similares, então imaginamos que [o combate] vai ser semelhante", analisa.

O pesquisador ressalta que, caso a população encontre bugios mortos, é necessário informar a Vigilância em Saúde do governo do estado. "No mais, continuar tomando os cuidados pra evitar a presença de mosquitos, desde evitar a proliferação de larvas, até sempre que for adentrar a mata utilizar repelentes", afirma Fernando, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Virologia.

Além da Feevale, pesquisadores da UFRGS e da Universidade de Nebraska estão envolvidos na análise das amostras da linhagem africana encontradas no RS.

Zika asiática em Santa Maria

Santa Maria, na Região Central do RS, já registrou 18 casos da linhagem asiática de zika vírus neste ano, conforme o boletim epidemiológico da cidade, em nove bairros da cidade. Conforme o enfermeiro Márcio Difante, que coordena o setor de epidemiologia da Vigilância em Saúde do município, o número configura surto.

Nenhum dos pacientes apresentou quadro grave nem precisou de internação. Também não há gestantes entre as pacientes da doença. São 14 mulheres, e quatro homens. "Todos estão sendo acompanhados pela atenção básica do município, através das Unidades básicas de saúde e as ESFs", afirma.

A Vigilância Ambiental da cidade vem realizando ações de combate ao aedes aegypti, com localização e eliminação de focos, e também pulverizações na cidade e campanha de conscientização da população, conforme o enfermeiro.

Também há registros da doença em Bagé e Frederico Westphalen, conforme boletim da Secretaria Estadual de Saúde, com dados levantados até o dia 4 de julho.

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