Rio Grande do Sul vai dar conta de atender a todos os pacientes na pandemia, diz diretor da SES
“Acreditamos que o Rio Grande do Sul vai dar conta de atender a todos os pacientes que precisarem de atendimento durante a pandemia”. A afirmação é do diretor do Departamento de Regulação da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Eduardo Elsade. Segundo ele, a SES acredita que o Estado ainda dispõe de estruturas e alternativas, não para ficar em uma situação confortável, mas ainda não é preciso entrar em pânico. “É para ficar em uma posição de alerta, de responsabilidade, mas ainda não temos um sistema fora de controle ou em vias de colapso”, reitera.
Na tarde de hoje, a taxa de ocupação das UTIs adulto no Estado era de 77,9%. Dos 2.335 leitos disponíveis, 1.820 estavam ocupados, sendo 639 pacientes confirmados da Covid-19 (35,1%) e 203 pacientes suspeitos da Covid-19 (11,2%) ou outra Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), além de outros 978 pacientes (53,7%) com outras comorbidades. Elsade ainda destaca que gostaria de ser taxativo, mas que isso não é possível em termos de gestão. “A possibilidade de colapso sempre existe, mas a gente acredita que o Estado está bem preparado para dar conta de toda a sua demanda. Trabalhamos na regulação estadual com um lema, que é não deixar ninguém para trás, pretendemos garantir acesso para todos os pacientes que necessitem de atendimento hospitalar no Rio Grande do Sul”, enfatiza.
A região que mais preocupa atualmente, conforme Elsade, é a Metropolitana, que envolve a Capital e os municípios do entorno. Nesta tarde, a taxa de ocupação na região era de 83,3% nos leitos de UTI adulto, com 1.002 internações nos 1.203 leitos disponíveis. Destes, 405 confirmados da Covid-19 (40,4%) e 103 suspeitos ou outra Srag (10,3%). Os demais 494 pacientes (49,3%) apresentavam outras complicações. “Já tivemos algumas crises localizadas, em Bagé, Lajeado, Passo Fundo e nos municípios da Serra. Na maioria deles já observamos que deu uma acalmada, mas sabíamos que o principal problema, pelo tamanho, seria quando chegasse o pico da pandemia na Região Metropolitana e na Capital, acho que é o momento em que a gente está”, define.
Mesmo com o aumento concentrado das internações, Elsade comenta que, nos últimos dias, parece estar havendo uma tendência de estabilização do aumento de casos e consequentemente das internações. “Ainda temos algumas estratégias, como a abertura de leitos, que nos permitem pensar em garantir acesso para todo mundo”, pontua. A lotação das UTIs adulto em Porto Alegre, na tarde de ontem, estava em 88,66%, sendo que sete dos 17 hospitais presentes no levantamento da Secretaria Municipal de Saúde já operavam acima de 90%.
O número de pacientes relacionados à Covid-19 em UTIs adulto da Capital era 331, sendo 294 confirmados e 37 suspeitos, o que representava 48,11% do total de 688 internações. Elsade declara que não compete a ele avaliar a estratégia de ampliação da estrutura hospitalar de Porto Alegre, mas informa que a SES considera que a estrutura está bem montada. Além disso, ele garante que o Estado tem condições e já está auxiliando a Região Metropolitana e os municípios dos arredores, transferindo pacientes para outras regiões.
“É assim que funciona um sistema de regulação, quando um município ou região entra em dificuldade de absorção de pacientes, mandamos para outras regiões”, explica. Alguns lugares do mundo, conforme Elsade, tiveram óbitos devido à falta de um sistema como este. “Estavam com os hospitais de uma cidade lotados e, no município vizinho, havia hospitais vazios. Isso foi nítido nas notícias de Nova Iorque, por exemplo. E isso o Rio Grande do Sul tem, além de uma grande tradição de estruturas médico hospitalares, tanto que o Estado e Capital são referências nacionais”, assinala.
Elsade ainda lembra que o governo do Estado iniciou os trabalhos em fevereiro, quando a pandemia nem tinha se instalado no território gaúcho, através da implantação do Comitê de Emergência e da elaboração do Plano de Contingência Hospitalar Estadual. “Trabalhamos desde então com a hipótese de não deixar haver colapso no sistema hospitalar do Estado e seguimos com ela. Ainda temos muitas estratégias até que se possa falar em colapso”, reforça. No Rio Grande do Sul, até o momento, conforme a SES, foram abertos 697 novos leitos de UTI adulto. Além destes, Elsade diz que já foram encaminhadas praticamente 100 novas solicitações de habilitações ao Ministério da Saúde. “Vamos chegar provavelmente em agosto a 1 mil leitos novos no Estado, isso é quase 110% de aumento. Partimos de 933 leitos SUS e vamos chegar a mais de 1,9 mil no próximo mês”.
A estratégia de investir no aumento das estruturas hospitalares já existentes, segundo ele, foi também para evitar a construção de hospitais de campanha, o que seria mais complicado. “Uma estrutura nova, emergencial, que precisa estabelecer todos os seus fluxos, nunca é a mesma coisa do que uma estrutura hospitalar que já está montada e preparada para atender pacientes”, descreve. Além disso, Elsade declara que o Estado ainda conta com a possibilidade compra de leitos da rede privada. Ele ainda ressalta que no Rio Grande do Sul, pela tradição e pelo conhecimento dos profissionais, será possível “dar conta de atender todos os pacientes que precisarem de atendimento”.