'Fica um sentimento de alívio', diz mulher após quatro familiares se recuperarem da Covid-19 no RS
Uma família de Santa Bárbara do Sul, na Região Noroeste do estado, conseguiu superar a Covid-19. Dos sete membros da família, quatro testaram positivo para o novo coronavírus e são considerados recuperados.
"Fica um sentimento de alívio, saber que a gente graças a Deus passou. Foi um momento difícil mas conseguimos vencer, com muita garra e muita luta", explica a técnica de enfermagem Aline Jumcowski.
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), a cidade com cerca de oito mil habitantes tem 17 casos confirmados da doença e não há registro de mortes por Covid-19. Levantamento da prefeitura aponta 26 pessoas contaminados município.
A mãe de Aline foi a primeira a apresentar os sintomas na família. "Ela teve um quadro bem forte de gripe. Foi quando minha irmã a levou em uma consulta. O médico pediu para fazer o teste e deu positivo. No dia seguinte marcamos para o resto da família".
Após os testes, Aline, a mãe, e dois dos três filhos dela, Gabriel, de 11 e Victor de 9 anos, foram diagnosticados com o novo coronavírus. O filho mais velho Kauê, de 13 anos, o marido José Carlos e a irmã Camila testaram negativo.
Mesmo sem estar com Covid-19, a irmã de Aline, Camila Melo acabou perdendo o emprego após os resultados positivos.
"Eu sou técnica de enfermagem também e cuidava de uma senhora idosa. Contei que minha mãe tinha dado positivo e o meu negativo, mesmo assim, ao invés de me afastarem, acabaram me demitindo, por causa da família", conta.
Desempregada, ela precisou ficar isolada do restante da família, e se hospedou em um galpão.
"Tive que ficar ali, só que somente com luz e água. Banheiro, chuveiro, não tinha nada. Eu tinha que depender de outras pessoas pra tomar banho, lavar roupa, comer, porque eu não tinha contato com eles dentro da casa, pra poder ir no mercado, farmácia pra eles".
Filho foi caso mais grave
Aline conta que o filho, de 11 anos, foi o caso mais grave da doença na família. Ele é diabético e teve que ser hospitalizado em duas ocasiões.
"Ele sentia muitas dores, e foram mais constantes, vômito, dor abdominal. Teve que ser hospitalizado e tomar medicação na veia, porque via oral não cessava as dores", conta.
Para ela, a dor que o filho sentia era tão ruim quanto não poder ficar com ele, já que também precisava ficar em isolamento domiciliar.
"Era bem complicado, porque ele gritava, era uma dor desesperada que ele tinha, e a gente não poder ir junto, acompanhar ele até o hospital. Naquele momento eu não poderia estar perto dele por estar isolada, foi bem complicado".
Preconceito com a doença
Mesmo morando em uma cidade pequena e precisando lidar com o preconceito, a família optou por se manifestar sobre a doença nas redes sociais.
"A gente fez questão de falar, porque inclusive a gente é muito conhecido na cidade, tem muitos amigos, e nos preocupamos não só com a nossa família, mas com quem a gente teve contato", diz Aline.
Ela acredita que não há motivos para esconder a situação.
"Achamos que a maioria da população vai passar por essa situação. Não tem porque esconder, não é algo feio de se dizer. Não foi uma coisa que a gente procurou, foi algo que aconteceu".
Em uma publicação no Facebook, Aline diz: "Sim teve aquelas(es) que passavam aqui por casa e nos olhavam com um olhar de desprezo e ignorância...Mas também tinha aquelas pessoas que passavam e nos davam motivação para nos manter firme em nosso momento difícil."
Segundo ela, a população da cidade ajudou com orações, alimentos e medicamentos. "O pessoal de Santa Bárbara foi maravilhoso, tivemos bastante ajuda da população. Nos sentimos abraçados e foi algo que nos motivou e deu forças. Tenho certeza que Deus não fez toda nossa família passar por isso em vão, algum propósito teve", finaliza.