Agronegócio


Transportadora contrata primeira mulher caminhoneira

Aos 29 anos, Bruna Barcelos dirige um rodocaçamba
15/05/2019 Fonte: Engeplus / Foto: Divulgação

BRUNA BARCELOS FEZ A PRIMEIRA VIAGEM PELA TRANSPORTES MARES DO SUL NESTA SEGUNDA-FEIRA

Aos 29 anos, Bruna Barcelos dirige um rodocaçamba, de comprimento de 25,60 metros e carga de 48 toneladas. Para ela, uma conquista, e para a Transportes Mares do Sul, uma novidade, já que é a primeira mulher que buscou a contratação na empresa, no bairro Linha Batista, em Criciúma.

“Sempre sonhei em trabalhar com isso. Desde criança eu observava meu pai, que era instrutor e operador de equipamentos pesados. E foi assim que nasceu a minha vontade. Tinha aqueles eventos que a empresa fazia uma vez por ano para acolher a família e quando eu via aqueles equipamentos de grande porte eu queria fazer a mesma coisa”

Bruna sempre teve o apoio de familiares e amigos para seguir adiante com o seu objetivo. A mineira conheceu o noivo, Tiago da Rosa Baldessar, de 32 anos, que também é caminhonheiro da Transportes Mares do Sul, enquanto trabalhava, já na profissão, dirigindo caminhão, em Minas Gerais. Há dois anos e meio ela veio morar em Criciúma. “Quando começou a ficar muito difícil dele ir pra lá, que as rotas não davam certo, eu decidi vir pra cá”.

A jovem também saiu do emprego para acompanhar o noivo em algumas viagens. O motivo principal era  não ficarem tanto tempo longe um do outro. Isso porque essas viagens que a mineira adora fazer são longas. A última em que ela acompanhou o noivo durou 48 dias.

Mas agora o desafio é outro. Recém-contratada, hoje ela embarca para uma viagem que tem expectativa de duração de 90 dias. Vai acompanhada do noivo, que fará o mesmo trajeto, dirigindo outro rodocaçamba.

Eles saem de Criciúma e vão passar por Goiás, Mato Grosso, Minas, Maranhão e outras localidades. O trajeto é longo, e como toda profissão, enfrenta dificuldades, mas a principal é conhecida por todos que trabalham na estrada e diariamente é uma preocupação: a falta de segurança. 

A mineira - que tem tatuado no braço o veículo pesado -, conta que já passou por situações complicadas, em que ficou com medo e sem saber o que fazer. Segundo ela, todo cuidado é necessário para quem viaja à trabalho, independente de ser homem ou mulher. "Já aconteceu de ele estar pagando o abastecimento no posto e eu tava na caixa de cozinha - parte do caminhão - fazendo comida e um carro se aproximou. Fiquei com medo, não sabia o que fazer".

Ela também acredita que as mulheres ainda são as mais frágeis quando a questão é segurança nas estradas. "A estrada é perigosa para homem também, mas muito mais para nós mulheres. Já passei por situações em que fiquei com medo. Não adianta dizer que mulher não é um sexo frágil. Nós não temos a força que um homem tem. Você vai descer do caminhão, vai no banheiro e tem que estar sempre observando quem está ao redor, se o banheiro tem apenas mulher, porque muitas vezes eles esperam pela oportunidade".

Bruna comenta que o preconceito em relação à mulher dirigir veículos pesados existe e ela mesma já foi questionada várias vezes se daria conta de dirigir um veículo tão grande. "A gente tem que se dar muito respeito na estrada. É uma coisa muito complicada, por exemplo, na questão da roupa eu já chamo a atenção por ser uma mulher, então tomo bastante cuidado com a forma de me vestir. Quando eles me veem no pátio de um posto, eles não sabem o que eu sou, se sou motorista, se estou ali fazendo programa. E muitos duvidam, sim, que sou motorista", comenta.

A caminhoneira até já tentou outra profissão, fez o curso técnico em Segurança do Trabalho, mas não gostou da área. Depois de tirar a carteira de motorista D, aos 21 anos, descobriu que esse amor ela quer levar para a vida inteira. 

 Para o noivo, Tiago, o sonho de poder viajar juntos, fazendo a mesma rota, também é dele. "Eu acho interessante que ela tenha escolhido essa profissão. Ela trabalha certinho, é determinada e sempre teve vontade de viajar assim. A empresa já quis uma vez dar um caminhão para ela, mas não fechava a rota, então esperamos chegar o rodocaçamba para ela", destaca.

Ao ser questionado sobre a segurança nas estradas, ele admite que tem medo pela noiva. "Já aconteceu de eu ir tomar banho e quando voltar ela estar com uma faca na mão e um carro parado na direção dela". Viajar juntos traz segurança para ambos, comenta ele, que acredita que a mulher precisa estar preparada e ter uma cabeça madura para viajar na estrada. "É uma experiência para nós dois", sorri.

Tiago avalia a postura das mulheres nessa profissão como cuidadosas e eficientes. "Tem bastante mulher trabalhando como caminhoneira aqui na nossa região. Em torno de 30 mulheres. Também aprendemos com elas", comenta. 


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