Facilidade e taxas menores elevam crescimento dos bancos digitais
"Processo muito simplificado de abrir conta nesses bancos, sistema mais prático, sistema de tarifação muito mais baixo e a facilidade de atendimento que há virtualmente" são as principais diferenças entre os bancos digitais e tradicionais, analisou Eduardo Diniz, professor de tecnologia da informação e pesquisador do Centro de Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getúlio Vargas.
De acordo com relatório divulgado na quinta-feira (31) pela Fisher Venture Builder, uma espécie de clube de investimentos em startups, o auxílio na gestão financeira e a maior transparência são outros diferenciais entre os tipos de instituições.
O mesmo relatório também destaca o aumento de investimento nos bancos digitais. Entre janeiro e junho de 2019, US$ 2,5 bilhões foram investidos em 55 ofertas globalmente. O valor é maior do que toda movimentação em 2018. Em julho, quase US$ 1 bilhão foi captado, montante maior do que o total registrado nos seis trimestres anteriores.
Diniz ressaltou que todas as operações realizadas em bancos físicos também pode ser feitas nos virtuais. "Sim, isso não tem diferença. É um mercado que tem os mesmos tipos de acesso e produtos que os bancos tradicionais."
Migração para contas digitais
O professor da FGV acredota que a troca de contas se deve aos novos perfis de clientes. "Os clientes estão mudando a perspectiva deles de trabalhar com o sistema financeiro. Existem alguns perfis de clientes que acham que os bancos cobram muito. Aqueles que já estão no sistema financeiro ou estão entrando agora ficam muito pressionados devido às taxas, assim tendem a mudar para os que têm tarifas menores. Tem o perfil de cliente mais jovem, tem a visão mais virtual, que visualiza esse tipo de atendimento. Isso é geracional."
Vitor Olivier, vice-presidente de Consumo do Nubank, credita esse fluxo de mudança às dificuldades impostas pelos bancos físicos. "A distância, burocracia excessiva e custos são as principais barreiras para o brasileiro ter uma conta bancária, segundo o Banco Mundial. Aliado a isso, hoje cerca de 40% dos munícipios brasileiros não possuem agência bancária. Isso significa que o mundo físico tão característico dos bancos tradicionais é mais caro, perigoso e menos acessível."
"Por outro lado, o mundo digital não tem limites. Neste universo, existem muito mais ferramentas para proporcionar uma experiência segura, simples e transparente aos consumidores", analisou Olivier.
Beatriz Langella, estagiária na Saint Paul Escola de Negócios, que criou uma conta em uma instituição digital, mas ainda possui conta universitária nos bancos tradicionais, disse que ficou "encantada" por fazer tudo online. "Eu quis criar porque não tinha anuidade no cartão de crédito. Mantenho o meu cartão antigo porque é conta universitária e, gastando R$ 50 no mês, eu também não pago anuidade. Mas também fiquei meio encantada pela possibilidade de ter um cartão que desse para fazer tudo online, que eu não precisasse ir ao banco."
Beatriz contou que foi assaltada e ficou "desesperada" em como faria para entrar em contato com seu banco digital.
"Semana passada roubaram meu celular e fiquei desesperada porque todos os meus aplicativos de banco estavam lá. Liguei no Nubank e a moça resolveu meu problema em menos de um minuto e me explicou o procedimento", declarou.
Futuro dos bancos virtuais
Vitor Olivier diz que com o tempo e com as decisões dos órgãos reguladores o setor deve se tornar mais concorrido. "Os clientes já não aceitam mais serem tratados da forma como são tratados pelos bancos tradicionais — e isso tende a ficar ainda mais forte conforme o tempo passa. Ao mesmo tempo, percebemos uma tendência de decisões dos órgãos reguladores do Brasil que favorecem o aumento da concorrência no setor, como o debate em torno da regulamentação do open banking."
"Nesse cenário, os consumidores viram protagonistas de suas escolhas e as empresas que oferecem experiências negativas para seus clientes tendem a ser penalizadas. Ou seja, o setor como um todo será obrigado a oferecer serviços de qualidade. E essa é a base do nosso negócio: empoderar nossos clientes e entregar com excelência tudo o que fazemos", finalizou.