Ainda sofrendo as consequências da pandemia de Covid-19, o mercado de trabalho brasileiro fechou 10.948 vagas em junho. Essa foi a menor destruição mensal de empregos desde que o novo coronavírus chegou ao País e fez o mercado rever suas estimativas para a recuperação neste e nos próximos meses. Mesmo assim, o baque da crise levou ao fechamento de 1,198 milhão de postos com carteira assinada na primeira metade do ano, o pior resultado da série histórica para o semestre.

O desempenho do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) no mês passado surpreendeu. Os economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast esperavam um novo corte de mais de 195 mil vagas em junho. Mesmo a estimativa mais tímida, de eliminação de 118 mil postos de trabalho, ficou longe do número oficial.

Ainda assim, foi o quarto mês consecutivo de perda de empregos para a pandemia. Já são 1,539 milhão de vagas eliminadas na crise. Após a retração de 259.917 postos em março, o mercado chegou ao fundo do poço com 918.296 demissões líquidas em abril e havia voltado a cortar 259.917 vagas em maio.

"Nunca se comemora a perda de um emprego sequer. Trabalhamos diuturnamente para preservar os empregos, mas comemoramos a melhora da economia e do mercado de trabalho", avaliou o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco. "Trabalhamos para que o saldo do Caged seja positivo o quanto antes."

O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, diz que o resultado do Caged aponta para uma retomada da economia. "É claro que você teve a agricultura como grande fiel da balança, mas o próprio resultado da construção civil é um indicador muito bom de atividade e já teve saldo positivo", observa.

O fechamento de vagas em junho foi atenuado pelo bom desempenho da agropecuária e do setor imobiliário. Mesmo com a pandemia de covid-19, houve um saldo positivo de 36.834 contratações no campo. Na construção civil, foram recuperadas 17.270 vagas no mês passado.

Mais uma vez, o setor de serviços liderou o fechamento de postos de trabalho formais no mês, com a eliminação de 44.891 vagas. O segundo maior saldo negativo ocorreu no comércio, com o fechamento de 16.646 carteiras. Já a indústria geral perdeu 3.545 vagas.

Também em junho, 18 Estados tiveram resultado positivo e apenas 9 saldo negativo. Entre as regiões, Norte, Centro-Oeste e Sul tiveram abertura de vagas, enquanto Sudeste e Nordeste continuaram a perder empregos. O melhor resultado de Mato Grosso com a abertura de 6.709 postos de trabalho. Já o pior desempenho foi do Rio de Janeiro que em junho registrou o fechamento de 16.801 vagas.

Repique. Para impedir um repique de novas demissões quando as medidas tomadas na pandemia de covid-19 perderem a validade, o governo prepara um novo pacote de ações para o emprego que pode retomar ideias já usadas neste governo. A reedição do contrato de Trabalho Verde Amarelo - ampliado para quem mais sofreu na crise - pode ser anunciada em breve.